20 fevereiro 2009

O Tempo da Língua (Ensaios), 2002


INTRÓITO

40 ANOS

Hoje faço 40 anos. Talvez uns quantos menos, talvez uns quantos mais, mas pelo calendário são mesmo 40 anos. Hoje, 22 de Agosto, dia da Virgem Santa, mãe de Deus, segundo o calendário católico. Entre os árabes, os indús, os chineses, os judeus, talvez seja um dia como qualquer outro.

Mas em religião como no resto o que valerá mesmo será pensar em termos universais. A melhor religião será aquela que as consiga pensar a todas, esbatendo as diferenças que se foram acentuando ao longo dos anos. Tal como em termos de economia – que ela seja também global, de forma a que com mais facilidade se distribuam as riquezas, para que todos possam viver de barriguinha e espírito cheio, o que até agora, infelizmente, não tem sido possível. Nem sequer em termos locais quanto mais. O melhor talvez fosse conseguir uma economia religiosa, desta vez sem meter por meio inquisições, as tais que se auto-designaram de santas.

E por falar em local e global, de acordo com o agora muito na moda “pensar global, agir local”, eu que até não sou de modas, mas já que sou Português de Portugal, e que por cá fui ficando, guardarei particular respeito e devoção por Maria, e por seu filho, o Cristo, a quem pedirei bençãos para todos os povos de Língua Portuguesa, e para os Portugueses em particular, porque é sobretudo em Português que me consigo fazer entender. Mas nunca esquecendo todos os outros, brancos, pretos, amarelos. Todos terão lugar num coração sagrado, cada um à sua maneira.

Guardo também um carinho especial pelo Espírito Santo, porque é através dele que chego directamente a Deus, sem intermediários. Enfim, talvez de vez em quando uns anjos, uns arcanjos, uns querubins ou serafins, me dêm uma boa ajudinha. E, já agora, aproveito para lhes recordar como estes últimos anos de trabalho têm sido, por vezes, muito duros, porque pode ser que haja maneira de facilitar um pouquinho. Amén.

O culto do Espírito Santo, não esqueçamos, introduzido em Portugal pelo digníssimo rei D. Dinis e por sua esposa, a Rainha Santa Isabel, e também por um abade que veio consigo de Aragão, de seu nome Joaquim de Flora, se a memória não me falha, como tão bem nos descreve António Quadros e também nos vai recordando Agostinho da Silva, através dos escritos que nos legaram. O rei D. Dinis, o tal que protegeu a Ordem do Templo, em Portugal, no seio da qual, ao que parece, se começaram a pensar as Descobertas, já se chamando então Ordem de Cristo, nome bem apropriado porque, sobretudo, de expansão da fé cristã se tratou, como muito bem pudémos testemunhar agora com o discurso do bispo de Timor, Ximenes Belo, na abertura do Congresso do CNRT (Concelho Nacional da Resistência Timorense), ou com a tentativa de conciliação que a Igreja Católica tem vindo a fazer em Angola, em mais uma tentativa de terminar com a guerra civil que não deveria sequer ter começado.

É por ele, D. Dinis, que hoje falamos Português. Foi ele que no século XIII a oficializou como Língua Portuguesa. É ela o principal marco da nossa identidade, e quando digo nossa refiro-me a todos os que espalhados pelos quatro cantos do mundo comunicam através dela.

Foi bom, foi mau? Deveria ter sido assim, deveria ter sido assado? Daqui para a frente terá de ser melhor? Sem dúvida e quem souber que o diga, sempre sem esquecer o amor e o respeito que merece cada qual.

2 comentários:

Anónimo disse...

Amén.

Anónimo disse...

Assim seja.