03 julho 2007

"Liquefeito Servidor Natural"

Sou o que sou…
Tenho o que tenho…
Vou onde vou…
Chego quando chegar…

No sentido figurado me figuro
Ao tempo estou entregue
Navego pelos mares do destino
Pairo de plano em plano

Regateio ao mínimo sinal
Refilo que nem uma vendedeira
Dou-me às nuvens efémeras do céu
Deixo-me arrastar pelos reflexos dos espelhos

Cavalgo nas cristas de alguns pensamentos esporádicos
Vou levado de ânsias demasiado apressadas
Mostro uma valentia dissimulada por gesticulas faciais
Escudo-me na língua quasi afiada de palavra fácil

Tinjo-me de mil cores misturadas numa só
Uno-me ao Mundo de forma enigmática
Fundo-me em mistérios pouco visíveis
Afundo-me em misérias palpáveis da insensibilidade alheia

Sou servido à Natureza no formato de alimento feito de pó liquefeito…

Escrito em Luanda, Angola, por manuel de Sousa, a 2 de Julho de 2007, em Homenagem aos que trabalham e labutam incansavelmente, para que se atinja maior grau de sensibilidade e consciências Humanas, sobretudo no que toca à conservação do Meio Ambiente e da Mãe Natureza e de sua rica Fauna e Flora…

Jaime Cortesão

Jaime Cortesão (Ançã/Cantanhede, 29-4-1884, Lisboa, 14-8-1960), foi um intelectual que, privilegiando concomitantemente a investigação, a reflexão e a acção, ocupou um lugar proeminente na cultura política e na cultura histórica do seu tempo, sobretudo pela afirmação de um duplo combate político e de reavivar a consciência histórica e cívica presente na produção escrita e na acção cultural e cívica. O impulso dinamizador e o sentido da convergência foram os traços mais característicos da sua personalidade. Foi sobretudo um «polarizador de doutrina», um «catalisador» de ideias, como o definiu Aquilino Ribeiro, mais «congraçador» do que «hostilizador dos homens», como o considerou José Rodrigues Miguéis. A partida forçada para o exílio em 1927 levou-o para França e Espanha até 1940 (ano em que regressa a Portugal, tendo sido preso em Peniche e no Aljube), e depois no Brasil até 1957, Cortesão empenha-se em dois combates, nunca relegando a responsabilidade cívica, moral e intelectual: a luta pelo restabelecimento da democracia emPortugal, lutando veementemente contra a Ditadura Militar e o Estado Novo [assim foi em França, com a activa participação na Liga de Paris, 1927-1930; em Espanha, a partir de 1931, com a dinamização do grupo de emigrados republicanos oposicionistas Grupo dos Budas; e no Brasil com outras figuras da oposição democrática: Jaime de Morais, Moura Pinto e Sarmento Pimentel]. O que permanece, ao longo da sua vivência pública, é uma exigência e um ideal de cidadania activa e imperativamente interveniente que o levaram a «militar e participar da luta em todos os campos, não excluindo o político». Esta consciência moral e histórica revê-se na prática de uma pedagogia cívica, imbuída de um imperativo ético e de exigência moral e altruísta, empenhada na formação moral e cívica dos cidadãos, como condição essencial da revitalização da identidade nacional e da democratização efectiva do regime republicano.

adaptado de textos no http://www.instituto-camoes.pt/cvc/figuras/agostinhodasilva.html ,
da autoria de Elisa Neves Travessa.

Margarida Castro
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