O índice de desenvolvimento humano das Nações Unidas, que no relatório de 2006 se baseia em números de 2004, avalia os países não apenas pelo seu Produto Interno Bruto mas também a partir de indicadores de bem-estar como a esperança de vida, a educação e a saúde.
Para se perceberem as diferenças, o relatório dá como exemplo os primeiro e último classificados, indicando que a Noruega é cerca de 40 vezes mais rica do que o Níger, que o norueguês médio vive o dobro do tempo que o nigerino médio e que todos os noruegueses passam pelo sistema de ensino, contra apenas um quinto (21 por cento) dos nigerinos.
Por outro lado, lê-se no documento, a riqueza dos países não gera necessariamente um desenvolvimento humano elevado, sendo exemplo disto os Estados Unidos, que sendo o segundo país mais rico do mundo está classificado em oitavo lugar no índice de desenvolvimento humano.
O relatório, elaborado anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), conclui do estudo realizado este ano que "aumenta o fosso entre países pobres e países ricos", uma vez que o desenvolvimento na África subsaariana "estagnou e não apresenta qualquer sinal de melhoria", apesar de no resto do mundo ter aumentado.
A estagnação africana deve-se, segundo o PNUD, "em parte ao retrocesso económico mas, principalmente, às consequências catastróficas do VIH/Sida na esperança média de vida", que na África subsaariana é actualmente inferior à que se registava há 30 anos.
A descida de Portugal na tabela é explicada não por uma diminuição do índice de desenvolvimento que lhe foi atribuído - que cresce de 0,902 para 0,904 -, mas pelo aumento do índice da Coreia do Sul, que ultrapassou Portugal (e a Eslovénia) ao subir do 28º para o 26º.
No conjunto dos 25 países da União Europeia (UE), 15 estão à frente de Portugal e os nove que têm piores classificações pertencem todos ao grupo de dez países que aderiu à União em 2004. Neste grupo, a única excepção é a Eslovénia, que ultrapassou Portugal em 2005.
Os mais bem classificados da UE são, este ano, a Irlanda, que subiu do oitavo para o quarto lugar, a Suécia, que passou do sexto para o quinto, e a Holanda, que subiu do 12º para o 10.
O Luxemburgo, que no relatório de 2005 era o país da UE com a melhor classificação, desceu este ano do quarto para o 12º lugar. Em contrapartida, a Letónia continua a ser o país da União com a pior classificação, apesar de ter subido três lugares - do 48º para o 45º - em relação ao relatório anterior.
Os dois países que vão aderir à UE em 2007, Bulgária e Roménia, ocupam respectivamente o 54º e o 60º lugar, sendo que a Roménia passou este ano a integrar os países com um desenvolvimento humano elevado (índice superior a 0,800), quando no ano passado estava no grupo dos países com um desenvolvimento humano médio.
À excepção de Moçambique, que mantém a mesma posição de 2005 (168ª) embora continue a apresentar um índice baixo de desenvolvimento humano, todos os países de língua oficial portuguesa desceram na tabela.
Depois de Portugal, o mais bem classificado é o Brasil, no 69º lugar, que se mantém como sexto classificado do grupo de países com um desenvolvimento humano considerado médio (da 64ª à 146ª posição) mas desceu seis lugares em relação a 2005.
O pior classificado é a Guiné-Bissau, no 173º lugar, a apenas quatro do último e um abaixo do alcançado no relatório de 2005.
Pelo meio estão Cabo Verde, que desceu do 105º para o 106º, São Tomé e Príncipe, que desceu do 126º para o 127º e Timor-Leste, que depois de subir 18 lugares em 2005 desce dois em 2006, classificando- se agora na 142ª posição.
Angola, Moçambique e Guiné-Bissau estão no fundo da tabela, respectivamente nos lugares 161, 168 e 173, no grupo de países com um índice de desenvolvimento humano considerado baixo (inferior a 0,500).
Angola e Moçambique, por exemplo, estão entre os dez países do mundo com a mais baixa esperança média de vida à nascença: 41 e 41,6 anos, respectivamente.
Atrás deles, nesta matéria, estão a Serra Leoa (41 anos), Malaui (39,8), República Centro-Africana (39,1), Zâmbia (37,7 anos), Zimbabué (36,6), Lesoto (35,2), Botsuana (34,9) e Suazilândia (31,3).
No pólo oposto, estão o Japão, com uma esperança média de vida à nascença de 82,2 anos, Hong Kong (81,9) e Islândia (80,9). Em Portugal a esperança média de vida é de 77,5 anos e em Cabo Verde, o país africano de língua portuguesa mais bem colocado nesta matéria, de 70,7.
Em termos globais, as diferenças no índice de desenvolvimento humano de 2005 para 2006 traduzem-se também num aumento de 57 para 63 do número de países com um desenvolvimento humano elevado. Entraram nesta classificação, de desenvolvimento humano médio, Omã, Antígua e Barbuda, Roménia, Malásia, Bósnia-Herzegovina e Maurícia.
Oitenta e dois países estão no grupo dos que apresentam um índice de desenvolvimento humano médio e 30 no grupo do desenvolvimento humano baixo, entre os quais Angola (161º lugar), Moçambique (168º) e Guiné-Bissau (173º).
Agência LUSA
(enviado por Margarida Castro
dialogos_lusofonos@yahoogrupos.com.br )
11 novembro 2006
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