O Pintor
Numa doce manhã
um suave regresso
qualquer coisa que há no ar,
um passarinho azul
está pairando, esvoaçando
a cantarolar, dá uma volta
uma volta e meia
e quando volteia pousa no seu olhar
No coração que meigo e terno bate
está uma ideia
feita uma aguarela, amarela
que volteia na tela
e do meio do branco vazio
que era nada
um passarinho azul que sai
correndo através da manhã
Feito um pedacinho de lã
vai voando, cantarolando
da fantasia que foi um dia
da suadade de partir, do regresso
até que encontra uma outra tela
um outro olhar
uma ideia feita um arco íris
qualquer coisa que está no ar.
Luis Santos
P.S.: Foi a partir deste poema que o António Tapadinhas pintou o Pássaro Azul.
LUZ
Procuram as palavras o sentido
que não podem explicar.
Como se pode entender,
ao escrever,
Branca Luz Puríssima?
Passar o Azul
Céu de azul pinta o pássaro ao voar,
Acrobacias do seu cantar entoa,
Mais alto estende-se o areal em baixo,
Que em jacto falcão faz deslumbrar quem olha.
Percorrida a sorte, ser ave é:
Transpor ao homem o delírio voador,
No nu cintilante do desvio humano.
Poça de água que brilha
Em ritual de garça chama.
E pouso do pássaro á luz resplandece,
A quem lhe dá de beber.
Suor de quem voa
Não suam criaturas do céu,
Trespassando no horizonte
Pessoas que em sonhos se elevam,
E que em terra, transpiram
Ao ver o pássaro que dentro delas preserva.
Ao meu amigo Luis Carlos
Diogo Correia