31 agosto 2007

Padre António Vieira, 400 anos

Em 2008 faz 400 anos que nasceu o padre António Vieira (1608-1697), um dos maiores escritores de língua portuguesa; cosmopolita português e brasileiro, precursor dos Direitos Humanos (a causa judaica), humanista que sofreu e se revoltou contra a prioridade dos interesses políticos e económicos sobre indígenas primitivos e indefesos (luta contra a escravatura), foi também um homem de negócios que geriu para sobrevivência dos autóctones um território tão vasto como duas vezes a Península Ibérica; diplomata, partilhou a companhia e a mesa de reis e papas no meio de intrigas palacianas dos países mais ricos e poderosos da Europa; político lutador, aguentou a pressão ideológica da todo-poderosa Inquisição; visionário de uma identidade única e original e de uma cidadania global, concebeu um utópico Quinto Império onde havia lugar para todos, mesmo nos tempos mais difíceis.

O padre António Vieira nasceu em Lisboa a 6 de Fevereiro de 1608, no reinado de Filipe II. Seu pai emigra e a família junta-se em 1614 em Salvador da Bahia. Entra para o Colégio dos Jesuítas em 1623 e em 1634 é ordenado padre. Em 1641, após a restauração da monarquia portuguesa, acompanha o filho do vice-rei a Lisboa, grangeando a amizade e confiança do rei D. João IV que o enviou em difíceis e perigosas missões a França, Holanda e Itália durante 11 anos. Em 1653, desiludido da corte, inicia nova fase da sua vida nas missões do Maranhão e Grão Pará, onde o sucesso da cristianização dos Índios e a luta pelos direitos dos autóctones à liberdade lhe acarretam inimizades e perseguições, sendo preso em 1661, enviado para o reino, encarcerado e sentenciado pelo Tribunal da Inquisição. Libertado em 1667, segue para Itália, onde frequenta a corte da rainha Cristina da Suécia e a Cúria Romana, exibindo a sua erudição e os seus dotes de orador. Regressa a Portugal em 1675. Viveu 36 anos na Europa, 20 dos quais ao serviço da coroa portuguesa. Em 1681, aos 73 anos, regressa a Salvador da Bahia que o viu crescer, onde aperfeiçoa o texto dos seus Sermões e continua a luta até ao fim da vida, aos 89 anos, pelos seus ideais e utopias.

in, http://www.ua.pt/vieira2008/PageText.aspx?id=5062



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