10 setembro 2007

"Como é óbvio", e "pelas razões que são conhecidas" (a falta de coragem ?), o governo português não receberá Sua Santidade o Dalai Lama. "Como é óbvio", e "pelas razões que são conhecidas", o povo português vai receber e homenagear este Prémio Nobel da Paz, exemplo de bom coração e fonte de sabedoria e inspiração para milhões de seres humanos. Vem no próximo dia 14 de Setembro, 6ª feira, às 16.30, esperar Sua Santidade no Largo do Município, em frente à Câmara Municipal de Lisboa. Os portugueses sabem reconhecer e acolher os homens de bem !

6 comentários:

Estudo Geral disse...

Caros amigos,

Começo por dizer-lhes que tenho um grande apreço pelo Dalai Lama.

Posto isto, chamaria a atenção para o seguinte: a realidade, a justiça, os nossos desejos e os nossos amores dificilmente são coincidentes e muito raramente se harmonizam neste mundo e neste tempo.

Por outro lado, quer gostemos quer não as leis são para serem cumpridas e as regras internacionais também. O contrário seria a lei da selva e quada qual faria o que lhe desse na real gana. Todos sabemos o que tem vindo a acontecer pelo não respeito das regras de convivência internacional, a aplicação do princípio do quero, posso e mando.

Nesta conformidade, penso que deveria ser evidente que o Dalai Lama não deve nem pode ser recebido oficialmente como chefe de estado, não apenas por não ser chefe de estado (e sim tão-somente um líder religioso), mas sobretudo porque Portugal reconhece e tem relações diplomáticas com a China e nunca pôs em causa a ocupação do Tibete, o que asfasta qualquer diferendo que justifique hostilizar o Dragão.

Todavia, não vale a pena o queixume muito português e a utilização do «eles», que neste caso seriam os «mauzões» do governo (ou do estado) que não teriam coragem de não sei quê. Muito poucos países do mundo recebem o Dalai Lama com honras de estado. As grandes potências não o fazem. Não vale a pena penitencairmo-nos pelos pecados que não temos. Congratulemo-nos com o facto de o Dalai Lama poder livremente estar e caminhar no nosso país, ser recebidos pelas forças vivas, ser reconhecido pelas outras religiões. Isso é o mais importante.

Penso que aquilo que o Dalai Lama menos apreciaria seria o confronto diplomático -- ou tudo o que seja confronto -- entre Portugal e a China. O contrário é desconhecer a génese do budismo.

Contribuir para a paz não é acirrar ânimos, é o contrário. Quem deve -- se estiver para aí virado -- receber o Dalai Lama é o povo português; a pressão sobre a China faz-se assim. É claro que também se faz nos corredores da diplomacia, mas não da forma populista que muitos querem, por ser mais vistoso e televisionável.

Pax Profundis
Abdul

Anónimo disse...

De facto conflitos é "óbvio" que Dalai Lama não os deseja logicamente. O que é menos "óbvio" é o conteúdo da mensagem de Luis Amado, no comunicado que fez.

Mundo

Neste mundo por vezes
Tão insano, tão cruel.
Onde ter é mais importante que dar
É difícil compreender
que em vez de ter um Coração só por ter...
É melhor ter um Coração para partilhar.

Teresa.

Anónimo disse...

É que:

"A vida é feita de pequenos nadas
De grandes serras paradas
À espera de movimento;
De searas onduladas pelo vento;
..."
Miguel Torga
(Teresa.)

Estudo Geral disse...

Ah, então a escrita era esta. Só depois reparei.

Anónimo disse...

Bonito Teresa a poética da sua mensagem !

Sou um adepto do pensamento budista, mas acima de tudo admiro o desprendimento do Dalai Lama em relação às coisas terrenas, a tranquilidade que revelam os seus gestos e o equilíbrio das suas palavras. É bem mais díficil a dádiva do coração do que a oferta interesseira, é bem mais àrduo o valor do esforço do que a força do poder .
Então, que o vento sempre ondule a sua seara e alguém descubra o fascínio das serras paradas....
Sine

Anónimo disse...

Obrigada Fernando pelas suas bonitas palavras. Bem haja!

Teresa.