16 setembro 2007

Uma Língua de Fogo

2.

A Sério e a Brincar

Falar a sério
e a brincar
ser um tolo, maluco
não atinar
virar as palavras de pernas pró ar
ser professor
um senhor doutor desatinado
com o fato desengomado
escrever filosofia
fazer poesia
dizer as coisas a sério
e a brincar
rebuscar o seu mistério
rezar
procurar um pouco de paz
tão bom que era estar sempre em paz
e ter amor
fazer músicas
cantar
gostar de Cristo
não ser católico, mas ser pagão
prender o diabo na palma da mão
dizer não à guerra
voltar para trás a embrião
ficar completamente à toa
mas afinal quantos somos cada um
ó Fernando Pessoa
discutir a política
não ser de um partido político
profetizar no escuro
receber as coisas do futuro
juro que sim meu amigo
está perdido o mundo não está?
só pensas em dinheiro
pensa em ti primeiro
pensa por ti antes de nada
pensa nos outros como pensas por ti
descobrir aquilo que é seu
querer ir para o céu
conhecer o mistério da vida
a partir da altura devida
ser o resultado dos seus avós e bisavós
diminuir as drogas e o vinho
tentar descobrir o caminho
o equilíbrio da natureza
ter a certeza
tentar ter a certeza
aumentar o sorriso
ficar para sempre no Paraíso
um dia
saber que se pode ir lá ter
quando se quiser
quando se estiver pronto
ser um tonto
não ser demasiado sério
ser religioso
falar a sério e a brincar

virar o mundo de pernas para o ar.

3 comentários:

philos disse...

Bonito como sempre.Parabéns ao poeta.

Estudo Geral disse...

Como sempre? Não exagere. Gracias.

philos disse...

Só digo a verdade e esta nunca não é exagerada, mas sim transparente.