12 julho 2008

Tudo


20. Um altar em construção

É verdade ou não
que inventaste uma nova religião
nunca foste a uma missa, nunca fizeste comunhão
depressa largaste a lei do Tao,
a pureza matemática macrobiótica,
da meditação transcendental, do Induismo, dos Vedas
a primeira abandonaste, os outros nunca tentaste.
Arreda Satanás,

É verdade que te ligaste aos espíritos antepassados
aos mortos que continuam vivos
princípios gerais de primitivos animismos,
vagueiam-te pelos pensamentos
elementos simples de livres budismos,
tu amante de diárias leituras cristãs
que tal como todos os jurados caminhos
de místicos, profetas e videntes, em ascensão
procuram as portas da libertação, da carne
anúncios de uma outra proeminência.
Arreda Satanás,

Sentes-te um Português de longe, não é?
conquistador, navegante, templário
de cruz vermelha em manto branco ao peito,
combatente não activo de Dinis
militante pacifista universal
de um lugar para a Língua Portuguesa,
um mensageiro de Isabel
que te trouxe a coroa de Rei dos Judeus
a coroa dos eleitos, do Espírito Santo
a lembrar as insígnias no alto da cruz,
um cavaleiro de Jorge
um vencedor de dragões
um sinaleiro de pombas.
Arreda Satanás,

Agora que todos juntaste é verdade ou não
que temos uma nova religião?
A religião das religiões.

Assente em rudimentar filosofia, é certo
numa pretensão de ser tudo
aprendiz de Deus entre deuses
quando se é pouco mais que nada
de fracos poderes entre os vivos
entre firmes pilares de limitados horizontes
todavia, um ser nada que não é vazio
um nada absoluto sedento de liberdade
troca-tintas de exercícios orientais, físicos e mentais
praticante de preces locais
com poderes especiais no jogo da vida

De uma Vida que em si é tudo
em curtes vegetarianas a meio tempo
curioso de práticas reikianas
buscador de apostólicas energias de cura
de revelados óleos essenciais
ou de naturais essências
que também vêm através das ciências
e do que mais estará por vir
porque tudo isto é tanto, muito pouco.

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