10 setembro 2005

Crítica Elegante

Não tem nada pior do que ser hipocondríaco num país que não tem remédio. Eu tomo um remédio para controlar a pressão. Cada dia que eu vou comprar o dito cujo, o preço aumenta. Controlar a pressão é mole. Quero ver é controlar o preção. Tô sofrendo de preção alto. O médico mandou cortar o sal. Comecei cortando o médico e o plano de saúde, já que a consulta e a mensalidade eram salgadas demais.

Controlei também a alimentação. Como a única coisa que tenho comido, depois do Fome Zero, é minha patroa, não tem perigo: Ela é a coisinha mais sem sal deste lado do mundo. Para piorar, acho que tô ficando meio esquizofrênico. Sério! Não sei mais o que é Real. Principalmente quando abro a carteira ou pego extrato no banco. Não tem mais um real.

Sem falar na minha esclerose precoce. Comecei a esquecer as coisas: Sabe aquele carro? Esquece! Aquela viagem? Esquece! Tudo o que o barbudo prometeu? Esquece! Podem dizer que sou hipocondríaco, mas acho que tô igual ao flamengo: nas últimas. Bem, carioca é assim mesmo, já nem liga mais para bala perdida. Entra por um ouvido e sai pelo outro!!!!!

LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

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