Os três círculos da lusofonia, de Fernando Cristóvão. O texto foi publicado originalmente na revista "Humanidades", Lisboa, Setembro de 2002. Por sinal eu e o Luís Carlos Santos colaboramos na edição desta revista, convidando alguns colaboradores, e nós mesmos escrevemos para aquela publicação.
Mas diz o autor Cristóvão que : «Situa-se a lusofonia na convergência de várias dinâmicas que a História lusa tem despertado ao longo dos séculos: a das utopias de Vieira, Sílvio Romero, Pessoa, Agostinho da Silva e muitos outros, e a dos factos e situações criadas a partir da colonização portuguesa e das opções livres partilhadas pelos novos países que reafirmaram a língua portuguesa como sua língua materna, oficial ou segunda. Actualmente, oito países independentes dialogam em português e o usam como língua materna, língua de comunicação internacional, língua de ciência, cultura, ensino, religião: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor.
Na construção de uma utopia de Quinto Império, arquétipo mítico da Lusofonia, Vieira imaginou um império de carácter religioso e universal, como o descreveu visionariamente na História do Futuro: «É conclusão, e de fé, que este Quinto Império de que falamos, anunciado e prometido pelos profetas, é o Império de Cristo e dos cristãos (.) contudo, a sentença comum dos santos e recebida e seguida como certa por todos os expositores é que (.) é Império da Terra e na Terra (.) espiritual no governo, espiritual no uso, nas expressões e no exercício (.) Em qualquer tempo futuro será sempre espiritual.»1
Fortemente inspirado naquele a quem apelidava de "Imperador da Língua Portuguesa", Pessoa entendeu o Quinto Império não como religioso mas como cultural, uma Pátria, na expressão do heterónimo Bernardo Soares, em que a língua portuguesa seria o cimento da união de vários povos, pois outro sentido não tem o seu "atlantismo": «Não há separação essencial entre os povos que falam a língua portuguesa. Embora Portugal e o Brasil sejam politicamente nações diferentes, contêm, por sistema, uma direcção imperial comum, a que é mister que obedeçam. «(.) Acima da ideia do Império Português, subordinado ao espírito definido pela língua portuguesa, não há fórmula política nem ideia religiosa, (.) Condições imediatas do Império da Cultura é uma língua apta para isso, rica, gramaticalmente completa, fortemente nacional.»2 Língua esta desse Império e dessa Pátria que claramente Pessoa explicou ser a língua portuguesa.
Margarida Castro
(leiam o artigo na íntegra no http://br.groups.yahoo.com/group/dialogos_lusofonos/files/Está com o NOME: Lusofonia- Os três círculos da lusofonia )
11 setembro 2005
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2 comentários:
Não sei porque é tão dificil para os portugueses entenderem de uma vez por todas que esta estória, com "e" mesmo, de "lusofonia" é a mais pura besteira.
O Brasil com sua população de 185 milhões de pessoas fala e escreve na sua própria vertente brasileira (pt-br), Portugal e os restantes paises, que supostamente deveriam ser falantes de português mas que na verdade pouco ou nada falam nesta língua, falam e escrevem no tal idioma "luso" (pt).
O som (fonia) do Brasil pode até ter sido num passado remoto "luso" mas hoje em dia não é, por isso essa expressão "lusofonia" nada significa no Brasil e absolutamente nunca será usada como referência de algo brasileiro.
Caro Breno
Você não deve generalizar. Uma coisa são as suas opiniões, outra a realidade. Sabe, por exemplo, o que é a CPLP? Não é um desejo, nem um sonho, é um projecto concreto que vai construindo a sua história. O conceito Lusofonia, de resto, transcende o conceito de Lingua Portuguesa e, por issio, talvez lhe seja preferível. Mas se o "Breno" chegar a uma melhor definição de Lusofonia, tanto melhor. Reflita e nos diga o que é preferível.
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