O Candomblé é uma religião trazida pelos escravos africanos para o Brasil. Recria muitas das crença de africanos oriundos de Angola, Nigéria, Congo, Benim, Mali e Daomé. A origem nâgo-iorubá da maioria dos escravos fez surgir as nações que se espalham pelo Brasil. As mais conhecidas são: Kêtu, Jêje, Ijexá, Mina, Xambá, entre outras.
Praticado no Brasil desde o século XVIII, o Candomblé tem origem na lenda que apresenta Oduduwa como Nimrod primo de Abraão e, portanto, neto de Caim, como redentor dos Caimitas que viviam na África. Fundamenta-se na crença dos orixás, pura força e energia.
O panteão do Candomblé vai de Exu, guardião dos caminhos e mensageiro dos orixás, até Oxalá, grande criador do mundo.Cada orixá tem uma forma de representação e está ligado a um elemento da natureza. A ele correspondem também símbolos, cores, saudações em lorubá, ervas, dia de culto, animais sacrificiais, indumentária, oferendas e quizilas.
Os rituais próprios de cada orixá são observados rigidamente nos terreiros de candomblé. As principais figuras de um terreiro de candomblé são o Balalorixá e a Lalorixá (pai e mãe de santo respectivamente), que são treinados por sete anos para receberem o axé de fala e trabalharem com o jogo de búzios, processo divinatório conhecido como oráculo de Ifá. Já o filho de santo recolhe-se a um quarto no período de sete a vinte e um dias para fazer a cabeça, ao fim dos quais sai vestido luxuosamente dançando em homenagem ao seu orixá. É a saida do quarto, na feitura do santo.
O terreiro de Candomblé funciona em local onde se plantam as árvores sagradas e se enterram os axés: é o assentamento, centro de força divinamente alimentado com obrigações para manter a energia. Cada divindade tem a sua casa ou quarto e ali os filhos cuidam dele e o alimentam. São os Ilêorixás. Alguns têm sua casa do lado de fora e são os primeiros a serem saudados, como Exu. Alguns terreiros de Candomblé constroem na mata uma casa branca pequena dedicada aos mortos, ancestrais do terreiro. As mulheres não podem entrar nessa casa. A única excepção é o orixá lansã, cujo culto está associado à morte e aos ancestrais.
No Candomblé, os orixás não falam, apenas dançam. Existe um sistema de troca de energia por comida: são as oferendas ao Orixá que curia ou come através do cheiro que se espalha. A casa de Candomblé tem actividades durante toda a semana. Cada dia é dedicado a um orixá. Observam-se as seguintes datas: 2 de Fevereiro (festa de Iemanjá, rainha do mar); 23 de Abril (festa de Oxóssi, orixá caçador), 13 de Junho (festa de Ogum, senhor dos metais), 29 de Junho (festa de Xangô, orixá da justiça); 4 de Dezembro (festa de Iansã, orixá dos ventos e das tempestades); 8 de Dezembro (festa de Oxum, orixá das águas doces); 16 de Agosto (festa de Omolu, senhor do invisível).
Muito há ainda por aprender sobre o Candomblé, cuja regra de ouro é o segredo. Segundo o provérbio africano: "se a fala constrói a cidade, o silêncio edifica o mundo".
Fonte : Entrada "Candomblé"
Dicionário Temático Da LusofoniaTexto Editores
( www.textoeditores.com )
retirado do grupo "Diálogos Lusófonos"
e-mail: dialogos lusofonos@yahoogrupos.com.br
05 dezembro 2005
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