18 julho 2006

“Não Sou, Jamais Serei”

Não quero a vaidade nem oferecida
Arranquem-me este orgulho cego
Abram-me o coração e recheiem-no de amor
Tragam todas as bandeiras brancas e preguem-mas no peito
Despreguem as mãos Crísticas e preguem as minhas na Cruz
Tirem-me o fel das palavras e barrem-me a língua com mel
Pintem-me de côr neutra que não fira a ninguém
Troquem-me os olhos xenófobos por uns mais receptivos
Arrecadem-me maus pensamentos contidos em minha sombra
Levem-me a passear aos jardins suspensos de ninguém
Ensinem-me a arte de pintar as paredes da indiferença
Permitam que use tinta frescas nos afrescos da memória
Autorizem-me que perdoe todo mal e aceite o bem
Se atravessar as pontes dividas pelo ódio, abracem-me
Beijem-me os mil rostos e as mil máscaras da Vida
Tragam-me o novo oxigénio dos dias vindouros
Limpêmos em concórdia o ar de todas as discórdias
Caminhêmos todos juntos até aos raios de Lua
Juntêmos nossos esparsos brilhos aos do Deus Sol
Plantêmos a vida em todos os desertos do sentimento
Semeêmos palavras que cresçam hirtas e benévolas
Fechêmos os olhos à cegueira cruel das vinganças
Lavêmos as pontas dos dedos nos Icebergues derretidos
Naveguêmos contra a realidade dos desertos da desarborização
Molhêmos a cabeça na Pia Baptismal dos indigentes
Remêmos só com os braços abertos a favor das mudanças
Aceitêmos a verdade pela verdade sem limites de muros virtuais
Desengarrafem-me a vontade de ter fé e de continuar a evolução
Destapem-me os tímpanos encerrados pela cera da ironia
Desimpeçam-me o Caminho dos sonhos realizados todos os dias
Carreguem-me leve de preconceitos em ombros de todas as virtudes
Indiquem-me a melhor maneira de perceber a luz do Nirvana
Entreabram-me as portas do Céu Infinito
Desimpeçam os degraus da Escada de Ra
Libertem-me de tanta parede atrofiadora
Destranquem-me a paisagem das coisas
Elevem-me à Alma das Almas
Até que os sinos soem sem parar
Anunciando a ressurreição...
De uma nova aurora...
De um dos mil “Eus”!...

Em Homenagem ao Espírito Santo, cuja chama eterna brilha em cada Homem e Mulher e em cada Sêr da Existência e da Vida...e pela ressurreição da Vida, que acontece em cada novo nascimento ou desabrochar...
Escrito em Luanda, Angola, a 09 de Abril de 2004, por manuel (duarte) de sousa.

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