13 junho 2007

OS PORTUGUESES MAIS (2)

do Brasil, Francisco G. de Amorim

No texto anterior até ficou esquecido um dos (muitos) grandes feitos do rei Dom Dinis: a fundação da Universidade, uma das mais antigas da Europa! Se a memória dos povos, o interesse, e o orgulho, porque não?, pela história é fraca, a instrução e educação deveriam “refrescá-la”!
Desse mal sofre congenitamente o Brasil, onde continua a considerar-se que de Portugal só vem coisa inferior, e o bom e o bonito tem que ir buscar-se, como era voz corrente há uns anos no Itamaraty, ao “circuito Elisabeth Arden” - Paris, Londres e Nova York.
Um dia, perseguido pela ditadura salazarista, chega ao Brasil um homem, professor, a quem de entrada olharam como “coisa” de 2ª. ou 3ª. categoria, mas que num instante se impôs, e marcou a sua estadia de um quarto de século neste país, por sua extraordinária visão de pedagogo, político, cientista, tendo como principal bandeira o ter incutido método e idéias que deixava os alunos e colegas desfraldarem as suas pesquisas e conhecimento de acordo com a capacidade e visão de cada um.
Nunca se impôs, detestava seguidores, que considerava gente sem personalidade própria, e envolvia os alunos com tanto saber e humildade que os trazia quase “levitando” de interesse nas suas palavras. Para ele a universidade tinha que ser parte integrante das populações, fazendo com que professores e alunos levassem os conhecimentos adquiridos para o povo, ao invés de se circunscreverem aos seus habitáculos fechados de professor-apostila-aluno, de interesse pouco mais que acadêmico.
Foi ele quem abriu as janelas para o mundo africano, indiano e oriental. O Brasil e mais concretamente a Bahia foram assim diretamente à procura de uma das suas raízes até então quase ignoradas, mantidas somente pela tradição oral dos descendentes de escravos.
Lecionou em mais de meia dúzia de universidades, país afora, entrou pelo sertão a levar algum conhecimento prático a camponeses que viviam em total esquecimento, e sempre manteve a sua linha de pensamento fora dos padrões obrigatórios da época, pró ou contra qualquer dos blocos da Guerra Fria - sovietes ou americanos.
Para ele no centro dessa guerra idiota estava o futuro, onde o Brasil, terá um papel primordial. Descendente de quase todos os povos da Europa, que se caldearam em Portugal - celtas, iberos, fenícios e cartagineses, romanos, godos, francos, e com estes, sangue tártaro, berberes e árabes e a partir do século XV até africanos que chegaram a representar, em Lisboa mais de 10% da população da capital - e de imensos povos oriundos de diversos cantos de África a norte e sul do equador, das costas do Atlântico e do Índico, e finalmente em cima das suas raízes ameríndias, o brasileiro, é o povo do futuro.
Miscigenado, apesar de haver correntes idiotas a querem apostar em transformá-lo em racista, o continuador do espírito universal português, o brasileiro, pode realizar o sonho dos seguidores do culto do Espírito Santo.
Passou a Era da Lei, veio depois a do Perdão, e caminhamos agora, lentamente para nós humanos que não temos noção de tempo cósmico, para a Era da Fraternidade.
Este, e muito mais era o pensamento dum Grande Mestre que deixou nas mãos de cada um a Liberdade, total, para escolher e trilhar o melhor caminho.
Nasceu no Porto em 1906 e foi-lhe dado o nome de George AGOSTINHO Baptista DA SILVA.

10 jun 07 - Dia da Raça, de Portugal, que se degenera se continuar a pensar que os melhores portugueses da sua história foram os que trabalharam com os pés, com as armas ou com a “santa” inquisição.

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