03 julho 2007

Jaime Cortesão

Jaime Cortesão (Ançã/Cantanhede, 29-4-1884, Lisboa, 14-8-1960), foi um intelectual que, privilegiando concomitantemente a investigação, a reflexão e a acção, ocupou um lugar proeminente na cultura política e na cultura histórica do seu tempo, sobretudo pela afirmação de um duplo combate político e de reavivar a consciência histórica e cívica presente na produção escrita e na acção cultural e cívica. O impulso dinamizador e o sentido da convergência foram os traços mais característicos da sua personalidade. Foi sobretudo um «polarizador de doutrina», um «catalisador» de ideias, como o definiu Aquilino Ribeiro, mais «congraçador» do que «hostilizador dos homens», como o considerou José Rodrigues Miguéis. A partida forçada para o exílio em 1927 levou-o para França e Espanha até 1940 (ano em que regressa a Portugal, tendo sido preso em Peniche e no Aljube), e depois no Brasil até 1957, Cortesão empenha-se em dois combates, nunca relegando a responsabilidade cívica, moral e intelectual: a luta pelo restabelecimento da democracia emPortugal, lutando veementemente contra a Ditadura Militar e o Estado Novo [assim foi em França, com a activa participação na Liga de Paris, 1927-1930; em Espanha, a partir de 1931, com a dinamização do grupo de emigrados republicanos oposicionistas Grupo dos Budas; e no Brasil com outras figuras da oposição democrática: Jaime de Morais, Moura Pinto e Sarmento Pimentel]. O que permanece, ao longo da sua vivência pública, é uma exigência e um ideal de cidadania activa e imperativamente interveniente que o levaram a «militar e participar da luta em todos os campos, não excluindo o político». Esta consciência moral e histórica revê-se na prática de uma pedagogia cívica, imbuída de um imperativo ético e de exigência moral e altruísta, empenhada na formação moral e cívica dos cidadãos, como condição essencial da revitalização da identidade nacional e da democratização efectiva do regime republicano.

adaptado de textos no http://www.instituto-camoes.pt/cvc/figuras/agostinhodasilva.html ,
da autoria de Elisa Neves Travessa.

Margarida Castro
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