6. Noite fora...
Contei as horas todas uma a uma
as velhas árvores que já não vejo de tanto ver,
subitamente lembro-me como eu era
sentado à porta de uma caverna
os restos de uma fogueira que ainda crepita
olho a luz das estrelas
através do véu negro da noite
Os outros lá dentro dormem, e eu de vigília
o silêncio é absoluto
nada de vãs electri-cidades.
Quem era aquele eu que neste se transformou,
quem sou eu que corro assim por dentro da eternidade?
Aprendi, afinal, a ordenar as letras fazedoras de sentido:
Tu és a minha princesa
a quem eu me encosto de mansinho durante a noite,
já me doem as palavras meu amor
de tanto me dar por inteiro à festa da vida.
Consegue-se ouvir o silêncio, não é verdade?