03 abril 2008

Nada, e menos ainda...

6. Noite fora...

Contei as horas todas uma a uma
as velhas árvores que já não vejo de tanto ver,
subitamente lembro-me como eu era
sentado à porta de uma caverna
os restos de uma fogueira que ainda crepita
olho a luz das estrelas
através do véu negro da noite

Os outros lá dentro dormem, e eu de vigília
o silêncio é absoluto
nada de vãs electri-cidades.
Quem era aquele eu que neste se transformou,
quem sou eu que corro assim por dentro da eternidade?

Aprendi, afinal, a ordenar as letras fazedoras de sentido:
Tu és a minha princesa
a quem eu me encosto de mansinho durante a noite,
já me doem as palavras meu amor
de tanto me dar por inteiro à festa da vida.
Consegue-se ouvir o silêncio, não é verdade?

2 comentários:

A.Tapadinhas disse...

Consigo ouvir as tuas palavras, o sentimento dum amor profundo, dedicado à festa da vida, e não só àquela princesa, mas também à humanidade toda, inteira, que procura, desde os primórdios das cavernas, a eternidade.
Abraço.
António

Anónimo disse...

É isso Amigo António, ainda e sempre a Eternidade. Até acabo por achar que somos muito deficitários face a ela e que, sem dúvida, a devíamos eleger como a razão primeira da nossa busca de conhecimento por cá, coisa que a política e a ciência não têm conseguido discernir.