Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Algua cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
(Luís de Camões, Soneto 48 - Segundo o manuscrito da VIII Década de Couto, foi ele inspirado pela rapariga oriental que naufragou com o Poeta na foz do Mécon, ali morrendo afogada.Fonte: www.instituto-camoes.pt/escritores/camoes/soneto15.htm Acesso em 10.01.04)
15 outubro 2008
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