13 novembro 2008

O Largo da Graça

13. Salazar

Dizer que Salazar foi bom Governante só pode ser admissível por comparação com as sofríveis políticas destes 30 anos de Democracia. Sobretudo, no que isso significa de mau funcionamento da justiça, da educação, da segurança, do ordenamento catastrófico do território urbano, etc., porque das renovadas crises económicas em que andamos submergidos faz muitos anos, isso já se lhes vai dando de barato.

Dizer que foi o melhor português de sempre, sabendo nós tratar-se de um velho, cinzento, decrépito, tirano, fascista, líder de um regime autoritário, opressor, sem permitir a liberdade de expressão, de reunião, onde imperava o lápis azul da censura, rodeado por uma polícia política feroz capaz das técnicas de tortura mais inadmissíveis, responsável por uma guerra colonial sem sustentação histórica que ia destruindo vidas atrás de vidas, no corpo e na alma, com muitos ed-cétera, porque agora não há tempo para mais.

Enfim, dizer que Salazar foi o melhor Português de sempre só é possível num povo inculto, pouco esclarecido, com enorme défice de compreensão da nossa História, que troca o acessório pelo fundamental, num concurso promovido por uma televisão mentecapta que vai servindo telenovelas e futebol no horário de maior audiência.

E depois queriam o quê?

Luis Santos

6 comentários:

Anónimo disse...

Renato Epifânio disse...
Quando tiver algum tempo disponível, farei mais umas "breves notas". Para uma visão não maniqueísta da História...

14 de Novembro de 2008 11:49


lc disse...
Não te esqueças de começar por definir maniqueísmo.

14 de Novembro de 2008 22:16


Renato Epifânio disse...
Começarei por aí...

Abraço MIL

15 de Novembro de 2008 0:59

Anónimo disse...

Ver mais em: http://novaaguia.blogspot.com/2008/11/sobre-o-maniquesmo-8-breves-notas.html

Anónimo disse...

Luís,

Conversemos e não discutamos, mas depois da sua afirmativa de que alguém disse " que Salazar foi o melhor português de sempre" .Pergunto: Quem disse? Como? Quais os critérios? O que o povo tem a ver com esse "disse" que "disse"?
Sabia que uma "mentira" repetida muitas vezes acaba por ser "verdade"? O amigo corre riscos!
Conversemos ou discutamos.Tanto faz.Certamente uma fonte de novas ideias e de aprendizagem.

Margarida

Anónimo disse...

Margarida, pelos vistos não sabe que a RTP, o ano passado, organizou uma série de Programas com grande pompa e circunstância para se votar na figura portuguesa mais importante de sempre e que o escolhido, a partir de voto telefónico, foi o Salazar. Sabia?

Felicidade na Educação disse...

Caro Luís,

Obrigado pela coragem de questionar um sentimento mais ou menos difuso na sociedade e espelhado num concurso de um orgão mentecapto de vilezas mitigadas como futebóis, concursos e tele-enredos genéricos...

A difusão da pobreza cultural serve sempre os poderes obscuros.

Fazer dos jovens uns "xonés" é a forma tradicional de se poderem garantir ganhos nas eleições como num "bush war president" que numa fase assanhada serve para dar porrada e pronto... noutra para se reaver "um soft power" moralmente menos indigesto, provavelmente mais eficiente.

No fim resta-nos um filme contraditório, paradoxal, de horrores humanitários e ideais de altos voos espirituais sobre a "missão" dos seres humanos na Terra - Sermos todos culturalmetne dignos... Todos felizes!!!

Dizem-nos que é trabalhar para o ego, outrém e... por aí.
A dialéctica crua destes opostos assenta na baixa Transcendência do Cérebro e isto independe da História e das estórias.
Com tanto trabalho:

- Roubam-nos o Tempo para não experimentar-mos o Ser...

Sem esta experiência regular de: - a PESSOA SER... é o intelecto que mais ordena a experiência social - e isto amesquinha a vida planetária, social, pessoal, gera o afamado vale de lágrimas, o personalismo vuluptuoso decadente -a outra face da medalha do último paradigma ocidental: o homoeconomicus.

Anónimo disse...

Amigo Eduardo, Obrigado pelo teu valioso comentário.