27 dezembro 2008

O Largo da Graça

20. “A Minha Pátria é a Língua Portuguesa”

Quando Pessoa afirmou que a sua "Pátria é a Língua Portuguesa" estava nitidamente a definir as fronteiras daquilo que para si era o "Quinto Império". E o Império existia.

Mas se o Império Pátrio se esboroou, o "Império" da Língua é bem real e têm sido dados alguns passos bem concretos para a sua consolidação, na política, no desporto, na crescente participação cívica.

Uma maior consciencialização do devir da Língua Portuguesa, decerto, trará novos equilíbrios ao mundo, tal como aconteceu com todo o movimento de expansão ultramarina que se iniciou em Portugal no século XV. Só que agora já não é unicamente de Portugal que se trata, mas antes da Língua Portuguesa. E aqui, embora com outro sentido, a máxima pessoana não podia ser mais actual.

Pessoa profere a sua famosa máxima na década de 20/30 do século passado. Na altura, a Pátria estendia-se pelo Ultramar. O Brasil já se tornara independente (1822), mas os territórios indianos, Timor, Macau, mais as colónias africanas, tudo fazia parte da Pátria do Pessoa.

Agora que a Nação está entregue a si própria, cabe-nos perguntar o que fazemos dessa herança enorme que advém do facto da Língua Portuguesa ser uma das mais representativas a nível mundial, com mais de 200 milhões de falantes.

Secundarizada nos grandes Fóruns Internacionais, como por exemplo na ONU e na UE, onde não tem estatuto de língua escolhida na comunicação interna e externa, também nas políticas nacionais pouco se tem feito por uma afirmação digna da Língua Portuguesa.

Um exemplo ridículo: Faz pouco tempo, nas rádios nacionais, apenas 3% da música que passava era Portuguesa.

É verdade que nos últimos anos a situação tem tido ligeiras alterações, com a criação da CPLP, mas sobretudo com as potencialidades trazidas pela globalização das sociedades que tem permitido uma maior consciencialização sobre a questão da Lusofonia.

Muito está por fazer. E, decerto, que a Mensagem sobre a importância que Fernando Pessoa dava à sua Língua não tem nos dias de hoje menos sentido, bem pelo contrário.

Luis Santos

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