05 fevereiro 2009

1. Partidas

PASSEIO EM ALENQUER

Dia 4 de Julho (de 1998), dia da Rainha Santa Isabel, fui visitar Alenquer. A intenção primeira era tentar encontrar os livros (as crónicas) da Rainha feitas por Frei Manuel da Esperança (séc. XVII) e por Correia de Lacerda, bispo do Porto (séc. ?). Alenquer era terra de rainhas, pois era habitual cada vez que havia um novo rei, ela ser doada à respectiva Rainha. Pelo menos, com muitas delas assim aconteceu.

Foi em Alenquer que a Rainha Isabel, no século XIV, iniciou o culto popular do Espírito Santo, tendo também mandado construir uma igreja, a do Espírito Santo, edificação essa envolta em certo mistério. Diz a lenda que a Rainha Santa sonhou que Deus queria que ela mandasse construir essa igreja num determinado lugar, e logo se tornou essa a intenção da rainha. Acontece que quando ela chegou ao local indicado no sonho, já estavam feitas as primeiras “infraestruturas”, os caboucos, sem que ninguém tivesse conhecimento de tal trabalho. As obras continuaram e decidiu um dia Isabel ofertar a todos os Mestres Pedreiros, e restantes, uma rosa que muito respeitosamente todos guardaram. Quando, no fim do dia, acabaram o trabalho, qual não foi o espanto dos Mestres ao verem que no lugar de cada rosa estava um bordão de ouro. As rosas tinham-se transformado em bordões de ouro, constituindo-se como um outro milagre da Santa Rainha.

O principal objectivo do passeio, As Crónicas da Rainha, não vieram porque lá não existem, embora tivesse conseguido outros textos que passaram a constituir os primeiros de um Dossier que comecei a organizar. Cumpriu-se, no entanto, um outro objectivo que foi o de conhecer Alenquer. Bonita vila, em vale encaixada, dividida entre a Vila Baixa e a Vila Alta, dada a súbita diferença de altitudes dos seus lugares. Terra antiga com vestígios pré-históricos, por onde passaram Romanos e Mouros, que mistura o ar da sua velhice com um trânsito intenso dada a sua proximidade com Lisboa.

A igreja do Espírito Santo, a tal mandada edificar pela Rainha, é uma muito simples igreja, onde no altar principal está Cristo na cruz, havendo ainda dois outros altares laterais, estando uma imagem da Virgem, à esquerda, e uma também bonita imagem da Rainha, à direita.

Tive ainda oportunidade de visitar o Museu Arqueológico (e único) da vila, onde estão depositados os vestígios que assinalam a sua antiguidade, ao que parece todos fruto do trabalho de um Hipólito arqueólogo, e que se estendem desde o Paleolítico até à Idade Média, num conjunto de artefactos muito interessantes, donde gostaria de destacar uns colares em contas de pedra, do Neolítico, como ornamento utilizado por feiticeiros e mágicos e, posteriormente, de sacerdotes.

Também Alhos Vedros merecia o seu Museu.

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