05 fevereiro 2009

2. Encontros (e desencontros)

A VALSINHA E O FADO

Um dia uma valsinha encontrou o fado
ela com ar de rainha, ele com ar acanhado
e ela que gostou do que viu
primeiro corou, mas depois sorriu
ele não se fez rogado e respondeu
e foi assim que nasceu
o fado valsado

Ela estendeu a mão e ele pôs-se de lado
seu ar altivo
pronto a mostrar-lhe o que era o fado
e ela gostou e valsou
e enquanto ele, valsado, cantou o Bairro Alto
e a Canção de Lisboa
ela valsou ao som do fado

De início quando os vi
ela de braço dado
e ele naquela posição posto de lado
não me soou bem a canção,
mas agora quando penso no que ri
por sentir que em ti, fado valsado
não havia nenhum tom errado
cá estou eu, pronto e mais que pronto
também a pôr-me de lado

E termina assim a história deste encontro
no Pátio das Cantigas
entre a valsinha e o fado
em que temos, pois, um fado bem diferente
já bem melhor
e uma valsa muito mais quente
que o mundo compreendeu
e o dia amanheceu em paz

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