05 fevereiro 2009

3. Chegadas

FAZER DE ALHOS VEDROS A VILA DAS 1001 ÀRVORES
E DE OUTROS TANTOS POEMAS


(Parte da Introdução ao Plano de Actividades de 1998 da Cooperativa de Animação Cultural de Alhos Vedros)

Gostaríamos de colaborar com o poder autárquico a fazer de Alhos Vedros uma terra mais verde. Como sabemos, estamos numa zona em que, inevitavelmente, os prédios se multiplicam a cada dia que passa. Só com medidas rigorosas que definam prioritariamente quais são as áreas verdes intocáveis, naturais ou a construir, poderemos evitar uma completa descaracterização desta terra.

Estamos apostados, na medida das nossas possibilidades, a participar em tal empreendimento, assim haja vontade política. Quem não gostaria de ver em Alhos Vedros a zona ribeirinha limpa de espaços artificiais, por onde se pudesse passear em paz com a Natureza, livre do cimento armado que se tem vindo a plantar por tudo que é sítio. Ou quem não gostaria de ver protegida a família de sobreiros, que foi em tempos a porta do extinto Pinhal Castanho, e que lá fosse feito um circuito de manutenção como em tempos tivémos nos “Eucaliptos”, onde cresceu agora uma zona industrial.

Gostaríamos de ver de novo o Hospital a funcionar como nos tempos em que era solicitado a dar saúde a Presidentes da República, e onde médicos e doentes não coravam de vergonha por se encontrarem num fantasma.

E a Capela da Mesiricórdia que há tanto tempo abandonada... Gostaríamos também ali de dar uma ajudinha.

Enfim, sentimo-nos disponíveis a colaborar com quem tem poder para isso, a dar um jeito na qualidade de vida de quem por aqui vive. É verdade que não temos tantas árvores, mas conseguimos vislumbrar a floresta.

Temos sido persistentes. Há uma boa dúzia de anos que temos vindo a participar na animação cultural da freguesia, em actividades de vária índole que não nos deixam envergonhados. Mais uma vez estamos de velas içadas, prontos a acolher os desafios do... rio. Contamos com a vossa ajuda.

2 comentários:

Anónimo disse...

A propósito da natureza das coisas e da coisa NATUREZA, aqui vai um poema, a propósito, "passe a redundância".

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento,
É aquilo que nunca antes tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro / Fernando Pessoa

Anónimo disse...

Caro Vítor, muito obrigado. Este nosso texto não merecia tão grande louvor que se traduz, no facto, de se sentir tão minúsculo perante uma força tão grande da criação.