Uma vez, deram-me uns passarinhos iguais a estes (dois) numa bonita gaiola. Foi talvez o presente mais infeliz que me deram. Nesse tempo tinha também um gato que passava os dias a tentar saltar para a gaiola e apanhar os pobres dos pássaros. Eu adorava o gato e tinha pena dos passarinhos, gostava de os ver a voar, é para isso que têm asas, não é? - para voar! Zangava-me com o gato e dizia aos passarinhos: -Têm que lhe perdoar é a natureza dele... E pensava que os pobres passaros também tinham uma natureza, que de modo algum se assemelhava àquela em que viviam. Un dia, farta de me zangar com o gato e de pedir perdão aos passarinhos, resolvi acabar com o cativeiro e devolver-lhes a liberdade a que tinham direito. E se bem pensei melhor o fiz. Abri-lhes a gaiola e deixei-os partir. Durante dias, ainda continuei a verificar a comida e a água, não sabia se eles voltariam para se alimentar...e o gato, de vez em quando, também deitava um olhar ao mesmo tempo que se espreguiçava.
Nunca voltaram e o gato "partiu" há muito. Mas sempre que vejo estes passarinhos, esta história volta e a ideia de que nunca os ouvi cantar...
a gaiola tenho-a numa casa de aldeia, serve par colocar umas velinhas de citronela, para espantar os mosquitos nas noites quentes de verão.
Linda essa sua História de Vida. Eu também tenho uma, muitíssimo engraçada, do género para contar. Bem, pelo menos, duas! Mas por aqui não dá, porque são um pouquinho compridas e seriam necessárias muitas letras para lhe dizer tudo direitinho.
No Natal passado a CEAV (Casa de Estudos de Alhos Vedros - vale a pena ler a sigla interpretando a sonoridade) publicou um livrinho, e-book, chamado "O Espírito dos Pássaros". Deverei dizer para não se criarem interpretações erradas que a CEAV é a minha editora particular, onde sou o único sócio gerente.
Ainda tenho alguns exemplares dessa edição e gostava de lhe oferecer um. Só não sei é como o poderei fazer chegar até si. Se acaso, tiver curiosidade em lê-lo, envie-me a direcção, ou um sítio para o deixar, que assim farei. Pode mandar a indicação para o meu e-mail.
Património Histórico e Museologia. Para aceder clique na imagem.
O Pássaro Azul
António Tapadinhas, óleo s/ tela
O Pintor
Numa doce manhã um suave regresso qualquer coisa que há no ar, um passarinho azul está pairando, esvoaçando a cantarolar, dá uma volta uma volta e meia e quando volteia pousa no seu olhar
No coração que meigo e terno bate está uma ideia feita uma aguarela, amarela que volteia na tela e do meio do branco vazio que era nada um passarinho azul que sai correndo através da manhã
Feito um pedacinho de lã vai voando, cantarolando da fantasia que foi um dia da suadade de partir, do regresso até que encontra uma outra tela um outro olhar uma ideia feita um arco íris qualquer coisa que está no ar.
Luis Santos
P.S.: Foi a partir deste poema que o António Tapadinhas pintou o Pássaro Azul.
LUZ
Procuram as palavras o sentido que não podem explicar. Como se pode entender, ao escrever, Branca Luz Puríssima?
Luz Azul
foto lcs
Passar o Azul
Céu de azul pinta o pássaro ao voar, Acrobacias do seu cantar entoa, Mais alto estende-se o areal em baixo, Que em jacto falcão faz deslumbrar quem olha.
Percorrida a sorte, ser ave é: Transpor ao homem o delírio voador, No nu cintilante do desvio humano.
Poça de água que brilha Em ritual de garça chama. E pouso do pássaro á luz resplandece, A quem lhe dá de beber.
Suor de quem voa Não suam criaturas do céu, Trespassando no horizonte Pessoas que em sonhos se elevam, E que em terra, transpiram Ao ver o pássaro que dentro delas preserva.
3 comentários:
Uma vez, deram-me uns passarinhos iguais a estes (dois) numa bonita gaiola.
Foi talvez o presente mais infeliz que me deram. Nesse tempo tinha também um gato que passava os dias a tentar saltar para a gaiola e apanhar os pobres dos pássaros. Eu adorava o gato e tinha pena dos passarinhos, gostava de os ver a voar, é para isso que têm asas, não é? - para voar!
Zangava-me com o gato e dizia aos passarinhos:
-Têm que lhe perdoar é a natureza dele...
E pensava que os pobres passaros também tinham uma natureza, que de modo algum se assemelhava àquela em que viviam.
Un dia, farta de me zangar com o gato e de pedir perdão aos passarinhos, resolvi acabar com o cativeiro e devolver-lhes a liberdade a que tinham direito. E se bem pensei melhor o fiz.
Abri-lhes a gaiola e deixei-os partir.
Durante dias, ainda continuei a verificar a comida e a água, não sabia se eles voltariam para se alimentar...e o gato, de vez em quando, também deitava um olhar ao mesmo tempo que se espreguiçava.
Nunca voltaram e o gato "partiu" há muito. Mas sempre que vejo estes passarinhos, esta história volta e a ideia de que nunca os ouvi cantar...
a gaiola tenho-a numa casa de aldeia, serve par colocar umas velinhas de citronela, para espantar os mosquitos nas noites quentes de verão.
Linda essa sua História de Vida. Eu também tenho uma, muitíssimo engraçada, do género para contar. Bem, pelo menos, duas! Mas por aqui não dá, porque são um pouquinho compridas e seriam necessárias muitas letras para lhe dizer tudo direitinho.
No Natal passado a CEAV (Casa de Estudos de Alhos Vedros - vale a pena ler a sigla interpretando a sonoridade) publicou um livrinho, e-book, chamado "O Espírito dos Pássaros". Deverei dizer para não se criarem interpretações erradas que a CEAV é a minha editora particular, onde sou o único sócio gerente.
Ainda tenho alguns exemplares dessa edição e gostava de lhe oferecer um. Só não sei é como o poderei fazer chegar até si. Se acaso, tiver curiosidade em lê-lo, envie-me a direcção, ou um sítio para o deixar, que assim farei. Pode mandar a indicação para o meu e-mail.
interessante como soa a sigla: - sê ave.
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