26 agosto 2009

A Banda

Eis um dos ensaios da Banda de Alhos Vedros. Ali em frente ao Romão dos Plásticos, Rua Cândido dos Reis, numa casa branca, ampla, com boa visibilidade para o interior, os músicos animados vão tocando e gingando ao ritmo do que tocam. Como vos posso dizer em palavras a música que ouvi? Vou tentar: taran-tan-tan, taran-tam-tam-tam (bis). Sr. Daniel, cabelos pintados de um alourado à Herman José, semi-circundando a sua vasta careca, vai solando no clarinete e vem até à porta da sala do ensaio mandando um som bem orientado para os curiosos que assistem. Sr. António, mais baixo e menos barrigudo do que na verdade, também pertence à ala dos clarinetes e faz um gingar mais acanhado. Eu, com a filhota aos ombros, ainda mais nova do que é, lá me misturo às duas ou três dezenas de pessoas que na rua vão assistindo ao ensaio. Sinto que ela está a aprender as primeiras harmonias e, assim, a partir desse momento, levará aquela música em si pela vida fora. Quem sabe participará numa outra banda que se esconde no futuro. "E o poço é escuro, mas o sinal que vejo é esse, de um fado certo no umbigo do deserto", como, mais ou menos, diz maestro Caetano.

As pessoas estão transformadas e, aqui, o tempo é uma coisa estranha. Dá ideia que se trata de uma banda que já existiu faz décadas, mas que perdura ainda no interior das pessoas. E a banda, como sabemos, existiu mesmo. A música, tal como muitas das vivências da comunidade é apreendida, interiorizada e, por dentro de nós, guinda-se ao futuro.

MÚSICA: Mundo Inteiro
Do Amor, Paulo de Carvalho

2 comentários:

Anónimo disse...

"(...)
p'ra ver a banda passar cantando coisas d'amor....."

Anónimo disse...

"...e o que era doce acabou-se, tudo tomou seu lugar depois que a banda passou." E, de facto, hoje é o meu último dia de férias!