"Os Portugueses são mais saudosos que outros povos, o que permite um sentimento único de Amor e Ausência - os pais da Saudade."
D. Francisco Manuel de Melo
"A saudade provém do coração, não provém do entendimento. É um bem que se padece e um mal que se deseja. Amarga e doce, triste e alegre. Na saudade fundem-se os contrários."
D. Duarte
"Elemento fundamental da saudade portuguesa são as cantigas de amigo, poesia galaico-portuguesa, anterior à poesia provençal. O pensar como se se fosse a coisa amada."
Paulo Borges
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
14 comentários:
"ai flores, ai flores de verde pino
se sabedes novas do meu amigo (...)"
Às vezes dói....
Pois é, a dor também faz parte. Tem vezes que "é um bem que se padece, amarga e triste...".
Tem algumas semelhanças com uma parte do sentimento apaixonado, embora não seja a mesma coisa.
Não acha?
Sim. Certamente que sim.
Temos saudades de muita coisa, mas penso que, acompanhada de dor só mesmo a saudade de um amor, ou de alguém muito muito especial.
Boa noite.
(sabe sempre bem passar por aqui)
Sabe quem é esse muito alguém especial, sem falar nas mediações, a quem mais se referem os autores portugueses da saudade?
Não. Quem é?
Deus.
Deus?!?
Mas ter saudades de Deus, não pressupõe ter vontade de "partir" deste mundo?
Bem, também pode ser por querer estar mais próximo num sentido de beatitude, de despojamento material ou coisa do género, não???
O que acha??
bom dia
Uma possível interpretação: Saudade porque, um dia de lá saímos... e lá queremos voltar
não sei...como posso sentir saudade do que não conheço....
Como será que posso sentir saudade do que não conheço!?
Quem se atreve a responder?
"As saudades que eu tenho do que já fui, daquilo que está no fundo desta minha ânsia, esse primordial inominável, diamante postado no fundo de uma cova a que não se pode descer", diria Pessoa.
pois, não sei se isto quer dizer que tem saudades de Deus. "saudades do que já fui" de algo que já conheceu, daí as saudades,
Voltamos ao mesmo...não acha???
Mais ou menos.
No caso do Pessoa, ele não se detém em Deus, passa por ele e vai mais além. É isso que ele explica num ensaio de Rafael Baldaia, outro dos heterónimos, chamado "O Caminho da Serpente". Parece que há aqui uma fé inabalável do Ser e da Vida que, todavia, não são explicáveis por palavras.
Os nossos sentidos fraquejam na impossibilidade de explicação do real, e as palavras tentam ir mais além, mas não fazem mais do que especular possibilidades existenciais.
Complexos raciocínios que tentam sondar territórios inexplicáveis.
Sim.
E parabéns!
Tudo muito bem explicadinho.
Na verdade, o ser humano sempre necessitou dessa transcendência, sem a qual não saberia explicar determinadas situações. Daí o surgimento do mito, e claro, do rito. Há uma necessidade de fé, de proximidade espiritual com "os agentes" do sagrado,assim nos tornamos "melhores", mais nobres de coração e de alma.
No caso de Pessoa, talvez ele vá muito para além de Deus (como disse), talvez ele seja uma entidade divina autónoma...não sei, isto levar-nos-ía bem mais longe, e é uma conversa que "dá pano para mangas"...
Em verdade lhe digo, anima-me passar por cá. Há sempre um bom papinho, com assuntos que dão que pensar...
Enviar um comentário