21 maio 2009

Apontamentos Filosóficos 2

"Os Portugueses são mais saudosos que outros povos, o que permite um sentimento único de Amor e Ausência - os pais da Saudade."
D. Francisco Manuel de Melo


"A saudade provém do coração, não provém do entendimento. É um bem que se padece e um mal que se deseja. Amarga e doce, triste e alegre. Na saudade fundem-se os contrários."
D. Duarte


"Elemento fundamental da saudade portuguesa são as cantigas de amigo, poesia galaico-portuguesa, anterior à poesia provençal. O pensar como se se fosse a coisa amada."
Paulo Borges

14 comentários:

Anónimo disse...

"ai flores, ai flores de verde pino
se sabedes novas do meu amigo (...)"

Às vezes dói....

Anónimo disse...

Pois é, a dor também faz parte. Tem vezes que "é um bem que se padece, amarga e triste...".

Tem algumas semelhanças com uma parte do sentimento apaixonado, embora não seja a mesma coisa.

Não acha?

Anónimo disse...

Sim. Certamente que sim.
Temos saudades de muita coisa, mas penso que, acompanhada de dor só mesmo a saudade de um amor, ou de alguém muito muito especial.
Boa noite.
(sabe sempre bem passar por aqui)

Anónimo disse...

Sabe quem é esse muito alguém especial, sem falar nas mediações, a quem mais se referem os autores portugueses da saudade?

Anónimo disse...

Não. Quem é?

Anónimo disse...

Deus.

Anónimo disse...

Deus?!?
Mas ter saudades de Deus, não pressupõe ter vontade de "partir" deste mundo?
Bem, também pode ser por querer estar mais próximo num sentido de beatitude, de despojamento material ou coisa do género, não???
O que acha??
bom dia

Anónimo disse...

Uma possível interpretação: Saudade porque, um dia de lá saímos... e lá queremos voltar

Anónimo disse...

não sei...como posso sentir saudade do que não conheço....

Anónimo disse...

Como será que posso sentir saudade do que não conheço!?

Quem se atreve a responder?

Anónimo disse...

"As saudades que eu tenho do que já fui, daquilo que está no fundo desta minha ânsia, esse primordial inominável, diamante postado no fundo de uma cova a que não se pode descer", diria Pessoa.

Anónimo disse...

pois, não sei se isto quer dizer que tem saudades de Deus. "saudades do que já fui" de algo que já conheceu, daí as saudades,
Voltamos ao mesmo...não acha???

Anónimo disse...

Mais ou menos.

No caso do Pessoa, ele não se detém em Deus, passa por ele e vai mais além. É isso que ele explica num ensaio de Rafael Baldaia, outro dos heterónimos, chamado "O Caminho da Serpente". Parece que há aqui uma fé inabalável do Ser e da Vida que, todavia, não são explicáveis por palavras.

Os nossos sentidos fraquejam na impossibilidade de explicação do real, e as palavras tentam ir mais além, mas não fazem mais do que especular possibilidades existenciais.

Complexos raciocínios que tentam sondar territórios inexplicáveis.

Anónimo disse...

Sim.
E parabéns!
Tudo muito bem explicadinho.
Na verdade, o ser humano sempre necessitou dessa transcendência, sem a qual não saberia explicar determinadas situações. Daí o surgimento do mito, e claro, do rito. Há uma necessidade de fé, de proximidade espiritual com "os agentes" do sagrado,assim nos tornamos "melhores", mais nobres de coração e de alma.
No caso de Pessoa, talvez ele vá muito para além de Deus (como disse), talvez ele seja uma entidade divina autónoma...não sei, isto levar-nos-ía bem mais longe, e é uma conversa que "dá pano para mangas"...

Em verdade lhe digo, anima-me passar por cá. Há sempre um bom papinho, com assuntos que dão que pensar...