19 dezembro 2007

18 dezembro 2007

Sobre a espiritualidade de Agostinho da Silva

"Como vimos, a espiritualidade e o ecumenismo agostinianos, paracléticos, cumprem-se não na formulação de uma nova religião, sincrética, que a todas reúna e amalgame, nem mesmo enquanto religião do Espírito Santo, enquanto centro unificador de toda a vida espiritual e religiosa, mas antes numa experiência do Espírito, do divino ou do absoluto – isso que designa como “metanóia” ou “samadhi” - , acessível por muitas vias, religiosas ou não, sendo assim compatível com a existência dessa pluralidade diferenciada de caminhos que só será em definitivo transcendida quando todos os homens e seres comungarem a mesma experiência, inaugurando a trans-histórica era do Espírito Santo ou “os tempos de ser Deus” visionária e profeticamente anunciados. Todavia, para aqueles que desde já antecipam essa pneumofania, para aqueles que acedem a essa experiência plena ou pelo menos ao seu vislumbre, e a partir daí consideram a pluralidade diferenciada das religiões e vias, esta torna-se extremamente relativa ou mesmo evanescente, como para o centro vazio da roda que pudesse observar os múltiplos raios que dele partem e nele convergem (conhecida imagem taoísta, usada por Agostinho) ou para o viajante que, havendo chegado ao cume da montanha, pudesse contemplar, a toda a volta, as múltiplas veredas que lá igualmente conduzem. É nesse sentido que nos parece que Agostinho da Silva confessa que, apesar de usar predominantemente a linguagem da via religiosa que começa por praticar, e na medida em que aprofunda essa prática, já não se limita a ser um praticante dessa religião, no caso o catolicismo cristão, sem que o passe a ser de outra. Aliás, optando pelo “Nada que é Tudo” como melhor expressão do divino e do absoluto, mostra encontrar nele a possibilidade de conciliar todas as formas, nomes e imagens divinas com a sua total ausência, negação ou superação. Como diz, em dois aforismos significativamente sucessivos de um texto ainda inédito: “Não sou inglês por falar inglês. Não passo a ser católico se uso a linguagem católica”; “Aviso aos que não concebem que sob o Deus católico possa haver o nada dos budistas” .
Todavia, se a experiência de Deus, do Espírito ou do absoluto é uma transcendência de todas as vias, religiosas ou não, ela converte-se, ao mesmo tempo, e por isso mesmo, no sentimento da sua plena e total integração e cumprimento, sem qualquer contradição, como não há contradição em considerar os raios da roda inseparáveis do seu centro vazio ou o cume da montanha inseparável de todos e cada um dos caminhos que de lá partem e lá conduzem. Daí, ainda sem contradição, outra afirmação: “Claro que sou cristão; e outras coisas, por exemplo budista, o que é, para tantos, ser ateísta; ou, outro exemplo, pagão. O que, tudo junto, dá português, na sua plena forma brasileira”.

- Paulo Borges, Tempos de Ser Deus. A espiritualidade ecuménica de Agostinho da Silva, Lisboa, Âncora Editora, 2006, pp.189-192.

Imagens do Hubble


A Tempestade Perfeita, uma pequena região da Nebulosa do Cisne, distante 5.500 anos luz; descrita como "um borbulhante oceano de hidrogênio, e pequenas quantidades de oxigênio, enxofre e outros elementos".

16 dezembro 2007

Platão às Terças

Na próxima terça-feira, dia 18 de Dezembro, às 18h00, na Associação Agostinhoda Silva, o Professor Trindade Santos, prestigiado especialista em Filosofia Antiga, antigo professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,actualmente a leccionar na Universidade Federal da Paraíba (Brasil), realizaráum Conferência subordinada ao tema "Presença de Deus nos diálogos platónicos: A moldura mítico-religiosa da teoria das Formas".

Sinopse: Falar de Deus nos diálogos platónicos obriga a explicar previamente aperspectiva pela qual o tema será abordado. Chamarei Deus ao poder que insere ohomem numa realidade transcendente, da qual a sua vida recebe o sentido. A tudo o que o faz sair de si, sem que esse movimento se possa inteiramente explicar,ou justificar, pela presença nele de uma força íntima, que lhe seja própria. Se me for concedida essa liberdade, da qual poderei reclamar-me pelacircunstância de Platão e a cultura em que viveu não terem tido contacto comuma Verdade revelada, tentarei deixar claro a qualquer leitor de Platão que a presença de Deus nos diálogos se estende a tudo o que é dito, como condição,sentido e finalidade do próprio discurso.A concepção platónica do divino manifesta-se antes de tudo nas teorias do"Amor" e do "Saber". Mas é vão tentar abordá-las sem referir o tratamento que as noções de "Alma" e "Cidade", nas quais se acham inseridas, recebem nosdiálogos. É a estes quatro tópicos que prestarei atenção nesta primeira conferência.

Esta será a primeira de um ciclo de 3 conferências(as outras duas realizar-se-ão a 8 e 15 de Janeiro, também às terças, a partir da 18h00).

A entrada é livre.

Solicita-se a difusão desta mensagem
Programa completo: www.agostinhodasilva.pt
Para mais informações: 967044286 (Renato Epifânio)
--Associação Agostinho da Silva
Rua do Jasmim 11, r/c1200-228 LisboaTel: 213422783 / 967044286
Email: AgostinhodaSilva@mail.ptUrl: http://www.agostinhodasilva.pt

15 dezembro 2007

14 dezembro 2007

Uma Língua de Fogo

17.

Iberia

Hubo un tiempo
en que peleámos
infantiles nos matámos uno al otro

Hubo mismo un tiempo
en el que exageradamiente me hiciste tuyo:
llegaste y reynaste, me tomando todo
hasta que de nuevo nos matámos uno al otro.

Esos tiempos cambiáran.
Hoy te quiero solamente amiga
y signo de eso mismo es hacer
de mi canto tu língua,
mostrar te que al meter me en tu piel
te quiero respectar como eres
como se de mi mismo se tratara,
te quiero plenamente comprender
y se necessario discordar,
pero desta vez ya en paz.

Al diante de hoy mano com mano
caminãremos.

a um anónimo António,
a Espanha!,
com os devidos agradecimentos ao Manuel João
que me conseguiu a tradução.

11 dezembro 2007


Relaxamento e Meditação

Olá :)

Informo que as aulas mensais de sábado são aulas abertas a todos os que estejam interessados em aprender técnicas simples de Relaxamento e Meditação, mesmo para aqueles que não podem comparecer nas aulas semanais de 4ª feira.

Assim, venha desfrutar de um momento único de relaxamento que lhe proporciona o encontro consigo próprio, seja através de exercícios respiratórios, da observação interna ou do encontro com o som suave das taças tibetanas!

A próxima aula é neste sábado, dia 15 de Dezembro, das 16h00 às 17h30.
Contribuição: 10 €

Material: roupa confortável, manta e 1 par de meias
Próximas datas:
5 de Janeiro de 2008
2 de Fevereiro de 2008
1 de Março de 2008
(o horário é das 16h00 às 17h30)

Agradeço a divulgação.
Abraço,
Paula Soveral
tlm: 93.6423440
www.paulasoveral.net

09 dezembro 2007


Painel de Azulejo da Capela da Misericórdia de Alhos Vedros. Aproveita-se para relembrar às autoridades políticas locais que a Capela precisa de ser restaurada, antes que os magníficos painéis de azulejos que estão no seu interior se degradem).

Bolo não cresce se você não agradece

Bolo não cresce se você não agradece —, Jaqueline costumava dizer quando me via batendo uma receita de bolo.

Acostumada com suas esquisitices, eu fingia não ouvir econtinuava o trabalho. Afinal, os meus bolos cresciam satisfatoriamente e havia tão poucas coisas a agradecer que se eu levasse o conselho a sério, estaria limitada a poucos bolos.

Com Jaqueline, eu pensava, não era diferente; sua vida estava mais para um mar de espinhos que de rosas. Conhecera o sofrimento de perto, de tão perto que o danado tomou-se de amores por ela. Romance sofrido, velado pelas granadas nazistas que pipocavam nos quintais de sua infância, pelas infiltrações no quartinho úmido de sua juventude em Londres, por um casamento “desgostoso”, como ela mesma dizia, e por uma velhice sustentada pelas aulas particulares de francês para alunos que aprendiam tão rápido (ela inventara um misteriosométodo) que em pouco tempo dispensavam as aulas.

O engraçado é que com quase nada para agradecer, ela agradecia. E seus bolos cresciam bem mais que os meus. Eram enormes, fofos por dentro e involucrados por uma fina crosta dourada que dissolvia na boca e dourava o coração.

Às vezes ela batia palmas no portão pela manhã, trazendo-me uma fatia embrulhada. Um cadeaux dourado, por vezes decorado e recheado. Chegava sempre exatamente no instante em que os obstáculos da vida ou a desilusão do viver enodoavam meu coração de ferrugem.
— Você não agradece, mas agradeço por você e o bolo cresce —, ela me dizia indiferente ao meu olhar trotskista.

Não, não seria eu que agradeceria por tudo aquilo que a vida me roubara, pelas humilhações, pelos bolsos sempre vazios, pelos ultrajes, pela má fé dos outros a interferir no sustento de minha família, e nem pelas noites insones à procura de soluções. Eu acreditava na revolução trotskista e, como Frida Kahlo, vislumbrava um mundo livre de opressões, onde não haveria espaço para a exploração do homem pelo próprio homem e para negociatas corruptas, injustiças sociais e empobrecimento da arte. Jaqueline sorria ao testemunhar meu coração rebelde e, invariavelmente, dizia:
— Coma o bolo porque existem dores que nenhuma revolução trotskista resolve. Sua amiga, Kahlo, soube muito bem disso.

O tempo passou, a revolução não aconteceu, o esqueleto de Frida Kahlo virou pó e meus bolos continuaram a crescer satisfatoriamente, enquanto os de Jaqueline, agradecidos pelas dádivas que só ela via, agigantavam-se nas formas.

Talvez pelo fracasso da revolução ou pela constatação de que somente a dor é socialista, deixei de perguntar a Jaqueline pelos motivos dos agradecimentos e me conformei com os bolos que eu fazia, sempre menores que os dela.

Quando Jaqueline atendeu a solicitação de Deus e me vi só, sem nenhuma concorrência para os meus bolos, acrescentei um item a mais em minha lista de desilusões. Não, não seria eu a agradecer pela minha alma vazia, pelo buraco que sua partida cavara em meu coração, pelo portão mudo de palmas. Não, se Jaqueline pensava que sua falta me faria agradecer, ela que se contentasse com bolos satisfatoriamente crescidos!

Algumas semanas se passaram até que pela saudade a dilacerar meu peito ou pela tênue esperança de que o aroma a trouxesse de volta, eu resolvi fazer o bolo que ela mais gostava, o bolo de chocolate com queijo. Logo que comecei a bater a massa, eu me vi inundada por uma avalanche de lembranças que estranhamente adocicavam o meu coração, retirando todo o amargor que nele condensava como um tumor. Já não havia espaço para reclamações, desgostos com Deus, ou para a incômoda sensação de ter sido esquecida por Ele; havia somente o desfile das boas lembranças dos instantes em que eu eJaqueline trocávamos receitas e livros, tomávamos café, alimentávamos sonhos, confidenciávamos segredos, chorávamos pelos projetos não realizados, ríamos dos mesmos projetos alguns anos depois, ouvíamos música, criticávamos desafetos e exaltávamos amigos.

Naquele instante em que a colher de pau formava as espirais na massa guardava-se a história de duas mulheres que sonhavam o mundo entre pitadas de sal e colheres de fermento. Agradeci do fundo do meu coração por esses momentos e pela dádiva de ter tido uma verdadeira amiga. O bolo cresceu de maneira espantosa e dentro de mim ouvi outra vez a voz de Jaqueline:
— Eu não disse que o bolo cresce quando se agradece!.

Desde então tenho reservado aos bolos os meus agradecimentos por tudo o que a vida tem me dado. E quando a desilusão e o amargor querem invadir minha alma, lembro de Che Guevara a dizer: “Há que endurecer, mas sem perder a ternura”.

Dentro de mim ecoa o riso franco de Jaqueline, enquanto ela me diz que descobriu na cozinha de Deus que Guevara é um grande cozinheiro!

Marcia Frazão

obs: este texto foi extraído de meu livro "A Cozinha Mágica de Marcia Frazão", editado pela Ediouro. A receita do Bolo de Chocolate está lá.

Silêncio: Vai-se dizer poesia

Ruy Belo, Ramos Rosa, Eugénio de Andrade, Sophia de Mell Breyner, Herberto Hélder. Para ouvir clicar aqui:

Imagens do Hubble


07 dezembro 2007

Uma Língua de Fogo

16.

Argonautas

Que não só já no mar
é na terra e no ar
que nós nos sentimos a navegar

Trocámos a bússola pelos sentidos
no lugar da vela latina
pusémos o coração
abrimos o peito ao vento
e sentimo-nos a navegar no ar

Barco alado, velo de ouro
amarrado à terra
à volta das gentes
entre histórias de desencontros
e de lamúrios entre dentes
navegamos
em terra e no ar
que não só já no mar.

06 dezembro 2007

05 dezembro 2007

MEL - Um Milagre pela Vida

Incomparável " FONTE " de vitalidade e energia, resultado de uma transformação do néctar retirado das flores pelas abelhas o mel transmite ao homem os princípios ativos contidos nos vegetais. Alimento excepcional contém vitaminas A, B1, B2, B6, C, E, K e PP, proteínas, minerais e ácidos reconhecidos por sua ação bacteriana, o que lhe confere as propriedades de antibiótico natural. Tudo em proporções bem dosadas.

Sem dúvida, o produto mais perfeito da natureza, indispensável para o equilíbrio biológico do nosso corpo. E o que acontece quando essa mistura de substâncias vitais chega ao nosso organismo? Uma EXPLOSÃO DE ENERGIA ! As abelhas fabricam o "MEL" com o mais fino material existente, que é o "néctar das flores", destinam-no às suas delicadas larvas.

É um alimento tão sensível que nunca deve ser fervido, para que não perca suas valiosas propriedades, quando muito apenas ligeiramente aquecido. Sua cristalização é garantia de pureza, pois esse processo natural não prejudica suas propriedades nutritivas.

As propriedades medicinais do mel são várias, de acordo com a planta que lhe deu origem. As mais comuns são: Mel da flor de laranjeira, Mel da flor de eucalyptus, Mel da flor de maçã, Mel da flor de assa-peixe, Mel da flor de cajú, Mel da flor de angico, e outros; são muitos tipos de floradas diferentes, de acordo com a época de floração e região. Alimento que não produz resíduos, pré-digerido pela abelha, contém açúcares de cadeia curta que vão direto para a corrente sangüínea, de fácil assimilação e digestão, é rápida e completa - mente absorvido pelo organismo, e, portanto, NÃO ENGORDA !!! O Mel como " FONTE " de energia excede a todos os alimentos naturais, é benéfico para todas as pessoas, desde recém-nascidos até idosos. Pode ser consumido à vontade. Adquirindo esse delicioso hábito poderemos suprir nosso organismo de todas as necessidades e manter a saúde sempre em dia, sem risco de doenças.

INDICAÇÃO: aparelho digestivo e respiratório, atletas, coração, cirurgias, controle renal, câimbras, contra microorganismos, tensão e depressão, fígado, para os olhos, rins, pele, pediatria, sistema nervoso e muito mais...

USO: Todos os dias e horas sem interrupção.

(este mail melado foi enviado por Sidnei Bispo Santos)

04 dezembro 2007

Línguas e Dialectos...

A prof Graça Cravinho,Universidade Coimbra, escreveu-me: "Também em Trás-os-Montes há um português mesclado com o antigodialecto leonês (do antigo reino de Leão). Trata-se do "Mirandês"que,de dialecto, foi promovido a segunda língua portuguesa (e ensinado nas escolas da região).

E na zona fronteiriça leste, em Barrancos, há outro dialecto, fruto da fusão do português com o castelhano: o dialecto "barranquenho" (que é ensinado nas escolas da região).

Já em Minde (centro do país, na área de Leiria), há um linguajar que não é dialecto mas um "código" usado por feirantes (e, portanto,incompreensível para a restante população) que se transmitiu degeração em geração mas hoje pouco usado. Trata-se do "minderico".

Em dialogos_lusofonos@yahoogrupos.com.br, Margarida Castro

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03 dezembro 2007

"Acreditando Passivamente na Fé do Nada"

Não acredito em nada...
Mas sou supersticioso nato
Sou um permanente crente no aparente
Não passo de um mero viciado em complexas crendices

Não penso claramente em nada...
Mas imagino tudo como efémero
Sou um visionário fluente do idealismo puro
Não passo de um fantoche das evidentes circunstâncias

Não sou ninguém nem nada...
Mas vôo por cima de telhados de fragilidade vítrea
Sou um fantasma da própria concepção geral existêncial
Não passo para além desta ou de outras realidades virtualizadas

Não falo absolutamente de nada...
Mas emito sons guturais de quem grita e nada diz
Sou uma linha feita de sombreados contrastes da própria luz
Não passo de algo que nem o horizonte é capaz de afectar

Não vejo nada de nada daquilo a que designam como nada...
Mas verifico que é simplesmente um conceito como outro qualquer
Sou dos que comprova sem certezas concretas o que observa
abstractamente
Não passo de reflexo simplificado de coincidente aparência com a
Divina Consciência...

Escrito em Luanda, Angola, a 3 de Dezembro de 2007, por manuel de sousa, em Dedicação ao Povo Angolano, sobretudo às camadas mais desprotegidas e sofredoras da População, grande parte ainda a vivenciar as consequências da carência causada pela guerra, a qual ainda é reflectida grandemente nas mentes de muitos de nós, de uma ou de outra forma comportamental, moral e/ou sentimental...

Cineclube de Alhos Vedros


02 dezembro 2007

Take it easy...


ATENÇÃO, NÃO CONFUNDIR COM O OUTRO AZUL...
Grande lição de como se pode Ganhar a Vida, desenvolvendo força interior capaz de superar fortes adversidades.

http://uk.youtube.com/watch?v=LnLVRQCjh8c