Alguns imigrantes de leste decidiram protestar contra a pobreza e a fome que tem atingido muitos dos seus compatriotas. A dureza e o exagerado número de horas de trabalho diário, o elevado desemprego, os baixos salários, as más condições de habitação, são algumas das razões que os levaram a reclamar. Vai daí, combinaram vestir-se de um cor de laranja berrante e, como se fossem sinais de trânsito, postaram-se imóveis espalhados pela cidade, por caminhos que diaramente faço.
Tenho um amigo de infância que é escritor. Não é a sua forma profissional de ganhar a vida, nem tem obra publicada, mas é reconhecidamente escritor. Vasta obra que, creio, em breve começará a ser editada, Como um dia destes falámos dos seus últimos escritos, um livro de fusão que, nas suas palavras, mistura a técnica do romance, do conto e do ensaio, encontro-o agora na realidade dos sonhos.
31 agosto 2009
29 agosto 2009
Passar o Azul
Um novo ano lectivo anuncia-se. Os deveres profissionais entram-nos pelos sonhos. A necessária função social impõe-se irremediavelmente. Entram-nos sonhos agitados, ou deveremos dizer pesadelos, de exames que já foram feitos, mas que estão sempre por fazer, de aulas já leccionadas que, todavia, estão sempre por preparar. Sempre reflectimos sobre a vida e prescutamos mundos interiores. Batemos à porta de mestres ascencionados e de grupos de curadores. Contrariamos a gravidade e passamos o azul, encostamos o ouvido na superfície do planeta e tentamos decifrar as mensagens de outros irmãos em aproximados níveis vibracionais. Todos os dias miramos os planetas sagrados e relembramos que tudo é luz.
28 agosto 2009
Alegria, Alegria...
A Cláudia é muito boa a organizar festas. Na sua vasta propriedade que fica ali para os Olhos de Água, perto de Palmela, conseguiu juntar uma multidão. Era uma festa tropical acompanhada ao samba, sobretudo, mas também bossa nova, entre outros géneros musicais "más calientes". O Caetano trouxe mulatas sambistas, mais seus guarda-costas, sempre necessários nestes ajuntamentos por causa dos menos evoluídos que com mais facilidade perdem o juízo. Rezamos sempre muito para que ninguém se perca. A juventude e o maior despudor de suas mulatas que Deus fez, sempre trazem uma singela animação a estes encontros, até porque dançam como ninguém e têm superior mestria nas artes do amor. Bem hajam.
PARA VER AS FOTOS DA FESTA CLIQUE AQUI
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27 agosto 2009
For the Birds
Metáforas e mais metáforas. Hoje assistimos a ensinamentos sobre agricultura biológica e a uma aula de Engenharia. A primeira, tratou de fazer plantações de feijão verde ao longo da ramagem externa de cedros, a segunda, sobre 2D, 3D e 4D, e outras matérias de difícil compreensão. Dois dos parceiros na intrigante problemática eram amigos próximos que dominavam melhor tais assuntos. Talvez porque num nível de evolução superior, ou talvez não. Talvez por razões de insegurança pessoal.
26 agosto 2009
A Banda
Eis um dos ensaios da Banda de Alhos Vedros. Ali em frente ao Romão dos Plásticos, Rua Cândido dos Reis, numa casa branca, ampla, com boa visibilidade para o interior, os músicos animados vão tocando e gingando ao ritmo do que tocam. Como vos posso dizer em palavras a música que ouvi? Vou tentar: taran-tan-tan, taran-tam-tam-tam (bis). Sr. Daniel, cabelos pintados de um alourado à Herman José, semi-circundando a sua vasta careca, vai solando no clarinete e vem até à porta da sala do ensaio mandando um som bem orientado para os curiosos que assistem. Sr. António, mais baixo e menos barrigudo do que na verdade, também pertence à ala dos clarinetes e faz um gingar mais acanhado. Eu, com a filhota aos ombros, ainda mais nova do que é, lá me misturo às duas ou três dezenas de pessoas que na rua vão assistindo ao ensaio. Sinto que ela está a aprender as primeiras harmonias e, assim, a partir desse momento, levará aquela música em si pela vida fora. Quem sabe participará numa outra banda que se esconde no futuro. "E o poço é escuro, mas o sinal que vejo é esse, de um fado certo no umbigo do deserto", como, mais ou menos, diz maestro Caetano.
As pessoas estão transformadas e, aqui, o tempo é uma coisa estranha. Dá ideia que se trata de uma banda que já existiu faz décadas, mas que perdura ainda no interior das pessoas. E a banda, como sabemos, existiu mesmo. A música, tal como muitas das vivências da comunidade é apreendida, interiorizada e, por dentro de nós, guinda-se ao futuro.
MÚSICA: Mundo Inteiro
Do Amor, Paulo de Carvalho
As pessoas estão transformadas e, aqui, o tempo é uma coisa estranha. Dá ideia que se trata de uma banda que já existiu faz décadas, mas que perdura ainda no interior das pessoas. E a banda, como sabemos, existiu mesmo. A música, tal como muitas das vivências da comunidade é apreendida, interiorizada e, por dentro de nós, guinda-se ao futuro.
MÚSICA: Mundo Inteiro
Do Amor, Paulo de Carvalho
24 agosto 2009
O rodopio das águas
Muita chuva. A Quinta da Graça que fica defronte da minha janela está muito alagada. O poço é um charco enorme, algumas poças parecem piscinas. Talvez porque a temperatura aumentou, a barreira do ozono abriu, as radiações ultravioetas chegam em maior quantidade. A poluição, de fumaradas várias, é presistente e volumosa e o efeito de estufa é visível. A temperatura aumentou e com ela a evaporação das águas. A oscilação do Ciclo da Água ampliou-se e se sobe mais água, mais água desce. Mais calor, muita chuva.
Vive ali a céu aberto, entre os terrenos alagados, uma família africana. Vieram com a chuva. Muitas dificuldades em sobreviver, preparam-se para o frio do Inverno que já espreita. A única coisa que lhes vale são as fortes imunidades desenvolvidas pelos antepassados nas lutas contra a aspereza da vida e algum espírito fraterno que a democracia radical vem solidificando.
MÚSICA: cHAMAR A mÚSICA
Sara Tavares
"Quem tem amigo não chora sozinho",
vídeo enviado pela amiga Ernestina Sesinando
Vive ali a céu aberto, entre os terrenos alagados, uma família africana. Vieram com a chuva. Muitas dificuldades em sobreviver, preparam-se para o frio do Inverno que já espreita. A única coisa que lhes vale são as fortes imunidades desenvolvidas pelos antepassados nas lutas contra a aspereza da vida e algum espírito fraterno que a democracia radical vem solidificando.
MÚSICA: cHAMAR A mÚSICA
Sara Tavares
"Quem tem amigo não chora sozinho",
vídeo enviado pela amiga Ernestina Sesinando
21 agosto 2009
A Serpente
Metaforicamente trata-se de um jogo. Um jogo de bilhar. O adversário é o mal e o jogo é a vida. Quando se falha, quando a jogada não é boa, e como frequentemente se falha, essa treva - a serpente - caça-te e ferra-te o dente. Abocanha-te e vai mais fundo do que a carne. Bem entendido, os adversários se conjungam numa única pessoa. Bem e mal coexistem. Bem e mal és tu próprio. Até ao fim, o jogo será assim. E claro que ninguém gosta de sentir mais do que a carne (a alma?), a ferir-se, a rasgar-se. Mas talvez que, por boa aventurança, sempre a ferida se cure.
Afinal, o caminho não é até ao cimo do monte, é bem até ao fundo do vale. E é tão longo o percurso, o tempo que se demora. Amiúde, há sempre alguém que pergunta se não nos enganámos no caminho. E chegamos a duvidar, mas logo mais à frente a dúvida se desvanece. O pior, é que mal lá se chega, de novo outra estrada nos surge e sempre se renova a pergunta. O melhor, é que é sempre a descer. O lugar da partida é em Alhos Vedros, no largo do Mercado, no canto esquerdo dos quintais, traseiras das casas da Rua Vasco da Gama. O lugar de chegada é de localização incomunicável.
O Amigo Eduardo Espírito Santo enviou um link de vídeo muito bom:
http://www.youtube.com/watch?v=yScg02DM-jY&feature=related
Afinal, o caminho não é até ao cimo do monte, é bem até ao fundo do vale. E é tão longo o percurso, o tempo que se demora. Amiúde, há sempre alguém que pergunta se não nos enganámos no caminho. E chegamos a duvidar, mas logo mais à frente a dúvida se desvanece. O pior, é que mal lá se chega, de novo outra estrada nos surge e sempre se renova a pergunta. O melhor, é que é sempre a descer. O lugar da partida é em Alhos Vedros, no largo do Mercado, no canto esquerdo dos quintais, traseiras das casas da Rua Vasco da Gama. O lugar de chegada é de localização incomunicável.
O Amigo Eduardo Espírito Santo enviou um link de vídeo muito bom:
http://www.youtube.com/watch?v=yScg02DM-jY&feature=related
20 agosto 2009
O Mate
O lugar é a vila da Moita, no largo onde vai dar a avenida principal, ali por perto da praça de touros. Amplo largo desnudado, surreal memória adolescente. Um jantar em família e o assistir a um espectáculo de jograis. Muita gente que transborda de gente. Há também uma menina muito loura. Menina da escola, capa de um outro alguém. Não se vê. Treme o bem estar da família nuclear. Agora é intervalo. Pausa nas festividades e os figurantes que se aproximam. Recolhem-se fundos. É uma jovem mãe dos filhos amigos que praticam o mesmo desporto. Um espírito competitivo que se anuncia. Eu tenho duas valiosas moedas, grandes, redondas, vistosa liga metálica, salientes grafagens. Numa o Mate. Acabo também por dar a outra para não se centrar o olhar na primeira. Algo pouco desejável se quer esconder.
19 agosto 2009
Saudosismo
http://www.letras.com.br/caetano-veloso/saudosismo
Tudo é agreste. Um cubículo sem saída e as águas que ameaçam estrondear por tudo que é lugar. Turvas visões, portas estreitas. O salto é reencontrar-te. Plano inclinado, como uma longa encosta que vai parar no cimo do monte. Lá em baixo a praia. Sesimbra é o lugar. Vão passar vídeo-clips do tempo ainda agora passado. Filmes escondidos, íntimos gestos revelados. "Vá, vão lá, agora está mesmo na hora...", diz Ele. Assim, podemos ver quais dos nossos gestos são mais imperfeitos.
ESTRELA DA TARDE (Ary dos Santos / Fernando Tordo - 1976)
Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas tardavas e eu entardecia
Era tarde tão tarde que a boca tardando-lhe o beijo mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
E nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia
Meu amor,
Meu amor,
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor,
Meu amor,
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor eu não tenho a certeza
Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
Entre os braços da noite de tanto se amarem vivendo, morreram
Meu amor,
Meu amor,
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor,
Meu amor,
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor eu não tenho a certeza
Eu não sei meu amor se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto.
http://www.youtube.com/watch?v=w3WYsdHhC-8
Tudo é agreste. Um cubículo sem saída e as águas que ameaçam estrondear por tudo que é lugar. Turvas visões, portas estreitas. O salto é reencontrar-te. Plano inclinado, como uma longa encosta que vai parar no cimo do monte. Lá em baixo a praia. Sesimbra é o lugar. Vão passar vídeo-clips do tempo ainda agora passado. Filmes escondidos, íntimos gestos revelados. "Vá, vão lá, agora está mesmo na hora...", diz Ele. Assim, podemos ver quais dos nossos gestos são mais imperfeitos.
ESTRELA DA TARDE (Ary dos Santos / Fernando Tordo - 1976)
Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas tardavas e eu entardecia
Era tarde tão tarde que a boca tardando-lhe o beijo mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
E nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia
Meu amor,
Meu amor,
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor,
Meu amor,
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor eu não tenho a certeza
Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
Entre os braços da noite de tanto se amarem vivendo, morreram
Meu amor,
Meu amor,
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor,
Meu amor,
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor eu não tenho a certeza
Eu não sei meu amor se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto.
http://www.youtube.com/watch?v=w3WYsdHhC-8
16 agosto 2009
Apontamentos Filosóficos
José Marinho, Teoria do Ser, 1961
. Um Absoluto que está para lá de toda a experiência da relação: não cria, nem é criado. Como a experiência de alguma que é constante, vertical, sem princípio nem fim, sem nascimento nem morte. Uma visão universalista.
A Visão Unívoca - Os olhos com que se vê é os olhos com que se está cego. O Espírito ou a Visão Unívoca é de uma união e cisão simultânea - o uno que cinde e a cisão que une. A ambiguidade da Visão Unívoca como intrínseca à própria existência.
Agostinho da Silva, A Comédia Latina, 1952
. A experiência mística como aparecimento da unidade absoluta, onde a dualidade existia. A experiência religiosa como a possibilidade de um A-deus, eventualmente, como um abandonar de Deus para chegar a Deus. A transcensão da própria religião.
Eudoro de Sousa, Origem da Poesia e da Filosofia (...?), Imprensa Nacional - Casa da Moeda, (?)
. Os primeiros homens, os primitivos, caracterizavam-se por uma indistinção entre 3 planos: Divindade, Humanidade, Animalidade. Há uma expriência religiosa primordial em que não há nomeação. Os primeiros rituais não têm relação com o intelecto, mas sim com o corpo. A experiência primordial é dançante.
O Homem que procura mediações é um homem que está no plano do profano, que está ainda separado e que se quer religar. Valoriza-se essa maneira de ser do homem primitivo.
(aulas de Filosofia em Portugal I, Prof. Paulo Borges)
05 agosto 2009
04 agosto 2009
Será verdade que?...
O Planetário Internacional de Vancouver, da British Columbia - Canadá, calculou a precisão em que Marte estará orbitando perto da terra. Será no dia 27 de agosto de 2009. Todavia, o mais interessante de tudo é que isto estava previsto em um código Maya, encontrado na pirâmide ao lado do Observatório Estrelar em Palenque, Chiapas -México.
Com este cálculo matemático, agora os Mayas estão sendo vistos como os gregos da América e orgulho da Guatemala. Pelo menos, quatro ou cinco gerações da humanidade não voltará a ver este fenómeno natural, e poucas pessoas sabem até ao momento, embora tenha sido noticiado em 11 de maio de 2009.
Duas Luas no Céu! No dia 27 de Agosto, à meia noite e meia, olhe para o céu, o planeta Marte será a estrela mais brilhante, será tão grande quanto a lua cheia e estará a 55,75 milhões de kilómetros da terra. Não perca!! Será como se a terra tivesse duas luas e este acontecimento só se repetirá no ano de 2287.
(enviado por Rute Reis, autoria desconhecida)
Com este cálculo matemático, agora os Mayas estão sendo vistos como os gregos da América e orgulho da Guatemala. Pelo menos, quatro ou cinco gerações da humanidade não voltará a ver este fenómeno natural, e poucas pessoas sabem até ao momento, embora tenha sido noticiado em 11 de maio de 2009.
Duas Luas no Céu! No dia 27 de Agosto, à meia noite e meia, olhe para o céu, o planeta Marte será a estrela mais brilhante, será tão grande quanto a lua cheia e estará a 55,75 milhões de kilómetros da terra. Não perca!! Será como se a terra tivesse duas luas e este acontecimento só se repetirá no ano de 2287.
(enviado por Rute Reis, autoria desconhecida)
03 agosto 2009
Eduardo Lourenço - "Tempo e Poesia"
A experiência do instante como alguma coisa que escapa ao tempo, que pertence ao eterno, ou melhor, algo que transcende tempo e eternidade - só o instante é real. Tempo e eternidade, passado e futuro esbatem-se no instante. O instante não tem história, nem projecto. O instante é inacessível a nós próprios, não se pode agarrar - agarrar é perdê-lo.
A saudade é esta ânsia de agarrar o inapreensível, o eminentemente fugaz. Inacessível e próxima. Enganam-se os que pretendem fazer da saudade algo de exclusivamente português. Existe sim, uma predisposição sensível para a apreensão da saudade.
Não podemos estar exilados de uma ideia de Paraíso, nós somos o Paraíso, portanto, não podemos sair de lá. Quanto mais procuro, mais me afasto. Não é na procura para fora, mas na procura para dentro que me devo buscar. A saudade é a reversão da própria busca.
Temos aqui uma Saudade tal como é definida por Pascoaes, mas fora de um espírito estritamente nacional. Só a experiência poética nos permite aceder a esta saudade ( e não a ciência, religião, filosofia...). A vitória real é a experiência poética. Na mais idealista das filosofias nós continuamos ainda prisioneiros do mundo. Só a forma poética é a libertação do mundo. Poesia é igual a Criação, anterior à experiência artística, ou à apreciação estética.
A experiência do tempo reduzido a um ponto só. Nós somos a grande imensidão.
(aulas de Filosofia em Portugal I, Prof. Paulo Borges)
A saudade é esta ânsia de agarrar o inapreensível, o eminentemente fugaz. Inacessível e próxima. Enganam-se os que pretendem fazer da saudade algo de exclusivamente português. Existe sim, uma predisposição sensível para a apreensão da saudade.
Não podemos estar exilados de uma ideia de Paraíso, nós somos o Paraíso, portanto, não podemos sair de lá. Quanto mais procuro, mais me afasto. Não é na procura para fora, mas na procura para dentro que me devo buscar. A saudade é a reversão da própria busca.
Temos aqui uma Saudade tal como é definida por Pascoaes, mas fora de um espírito estritamente nacional. Só a experiência poética nos permite aceder a esta saudade ( e não a ciência, religião, filosofia...). A vitória real é a experiência poética. Na mais idealista das filosofias nós continuamos ainda prisioneiros do mundo. Só a forma poética é a libertação do mundo. Poesia é igual a Criação, anterior à experiência artística, ou à apreciação estética.
A experiência do tempo reduzido a um ponto só. Nós somos a grande imensidão.
(aulas de Filosofia em Portugal I, Prof. Paulo Borges)
02 agosto 2009
Eduardo Lourenço - " O Labirinto da Saudade"
O autor faz uma "Psicanálise Mítica do Destino Português":
- Nascimento milagroso de Portugal: "Quero estabelecer para mim um Império em ti e na tua descendência" (palavras de Cristo a Afonso Henriques a anteceder a batalha de Ourique). Portugal terá como destino fundar um Reino de Cristo que o padre António Vieira interpreta como o V Império (e último) sobre a Terra.
- Há um traço marcadamente providencialista na cultura portuguesa, ambivalente, marcada por uma fragilidade e protecção absoluta, um complexo de inferioridade e superioridade, uma relação irrealista que mantemos connosco próprios.
- Durante quase um século a Língua Portuguesa foi a Língua Franca no mundo, à semelhança do que foi o Latim, à semelhança do que é o Inglês.
- A fase do Sebastianismo representa a carência irrealista e tresloucada nacional. A nossa razão de ser passou a estar no passado, "quando nós fomos grandes".
- Com a "geração de 70" no séc. XIX, começa-se a questionar pela decadência e atraso do país que em termos de desenvolvimento jaz na cauda da Europa. Sucede-se o Saudosismo, misticismo nacionalista, uma leitura irrealista da nossa realidade, um patriotismo republicano que corrobora este cenário.
(...)
(aulas de Filosofia em Portugal I, Prof. Paulo Borges)
- Nascimento milagroso de Portugal: "Quero estabelecer para mim um Império em ti e na tua descendência" (palavras de Cristo a Afonso Henriques a anteceder a batalha de Ourique). Portugal terá como destino fundar um Reino de Cristo que o padre António Vieira interpreta como o V Império (e último) sobre a Terra.
- Há um traço marcadamente providencialista na cultura portuguesa, ambivalente, marcada por uma fragilidade e protecção absoluta, um complexo de inferioridade e superioridade, uma relação irrealista que mantemos connosco próprios.
- Durante quase um século a Língua Portuguesa foi a Língua Franca no mundo, à semelhança do que foi o Latim, à semelhança do que é o Inglês.
- A fase do Sebastianismo representa a carência irrealista e tresloucada nacional. A nossa razão de ser passou a estar no passado, "quando nós fomos grandes".
- Com a "geração de 70" no séc. XIX, começa-se a questionar pela decadência e atraso do país que em termos de desenvolvimento jaz na cauda da Europa. Sucede-se o Saudosismo, misticismo nacionalista, uma leitura irrealista da nossa realidade, um patriotismo republicano que corrobora este cenário.
(...)
(aulas de Filosofia em Portugal I, Prof. Paulo Borges)
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