28 setembro 2005


CANÇÕES na Casa de Estudos

de

Luis Carlos dos Santos

Produção: CÊAV

Triângulo de Amores

Como quem canta
O seu mal espanta
Vou cantar à felicidade
Para ser feliz de verdade

E na música da minha canção
Vou pôr um ritmo samba
Para também poder dançar
E então assim
Eu não vou mesmo chorar

Não queria mexer mais
No meu samba canção
Mas estava a ser injusto, pensei
Com o merengue
Eu também nunca chorei

Fiquei então contente
Com o meu samba merengue
E ai como ele mexia com a gente.

Mas e se eu misturasse um atrevido
Dum gingão fado corrido?
Fiquei surpreendido
Então não é meus senhores
Que me saiu um triângulo de amores

E se é bonito assim eu juro
Que não quero outra coisa para o futuro
Nas minhas canções irei meter
O batuque, a guitarra e o pandeiro
E quero lá saber do dinheiro.

Criança

Toda a criança
Se ela ri ou se ela chora
Se ela brinca ou vai embora
Tem magia

Toda a criança
Se ela pára ouse ela grita
Se ela vai ou se ela fica
Tem mistério

É luz do sol
Tem uma luz escondida
Estrela iluminada
Música bem definida

É um caso sério
Fútil brincadeira
É uma maneira de ser
É a vida inteira
Segredo ocluso do canto
Coisa de espírito santo

Está a clarear

Está a clarear,
a pouco e pouco está a clarear,
à medida que cresce o dia (REFRÃO)
algo se sente na nossa mente
que começa a clarear

Porque será que estão tão sujos os mares?
Porque será, porque será?
Porque será que morrem os peixes dos rios?
Porque será que tens os olhos tão vazios?
Porque será, porque será?

Refrão

Porque é que está tão enfumarado o ar?
Porque será, porque será?
Porque disparas com tanto desdém?
E nem te sentes quando matas alguém?
Porque será, porque será?

Refrão

Porque será que gostas tanto da bomba nuclear?
Porque será, porque será?
Porque é que gostas tão pouco da floresta?
Porque será que para ti ninguém presta?
Porque será, porque será?

Refrão

Porque será que estás sempre a trabalhar?
Porque será que não consegues divertir?

Porque será que só te deixas enganar?
Porque será, porque será?

Está a clarear.

A corda, a Terra e o pião

Ter uma corda numa mão
E na outra ter um pião,
A corda, é só enrolar
Dá-se um jeito com o corpo
E fica o pião a rodar

O pião roda com a Terra,
Nós, pomos um pé no pião
e deixamos o corpo girar,
E para parar?
Basta carregar no botão

E vejam só que lindo baile
se havia de arranjar,
A Terra a dançar com o pião
E nós também, porque não?
Mas, e a corda, fica a olhar?

Ora, a corda dá para saltar,
Eu lanço-lhe a mão
Ela agarra-se a mim
Passo-a por debaixo do pião
E agora é só aprender a voar


(Bis)

Tanta Amizade

Tanta amizade
tanta alegria
cantamos de pé
conversamos até
condensados no tempo
tanta euforia

Com sentimento
tantas palavras
bebemos o dia
brindamos à vida
reclamamos a vida
da poesia

Ai, tanta amizade
tanta alegria
conversamos canções
cantamos conversa
e ninguém dispersa
até ser já manhã

Tantas palavras
com tanto orgulho
(montanhas de barulho)
adiamos a dor
contamos o amor
criamos um drama
num fim de semana


(Bis)

O dia de Camões

Notícia de abertura do Telejornal
Os resultados da Conferência Nacional
Uma imensa reunião
Sobre as regras da economia

Sobre as leis do mercado
Falou o bispo
Enquanto um famoso economista
Falou de Cristo
E eu perguntei na reunião
Porque é que ficam carecas os homens
E as mulheres não?
Porque é que estão abandonados
Os reformados?
Porque fizeram da velhice
Uma enorme chatice?
- Não dá lucro! (- Bis)

Os peritos do direito
Perceberam-me mal
E ameaçaram-me
Com a pena capital

O pessoal da informação
Achou-me genial
E transformaram-me
No maior de Portugal

Só e triste

Estou sózinho e triste
com toda a beleza que existe
da janela vejo o rio e o céu
ouço as vozes que vão passando
e trago tudo isto e o resto
em mim, só em mim - Bis

Simplesmente, sou das coisas resultado
e por elas me sinto acompanhado - Bis


Escuto na brisa que sopra
quem virá
quem trará a boa nova
qual o doce enigma
que se esconde no futuro - Bis

E enquanto escuto vou esperando o sinal
Desse ser transcendental - Bis

Uma Canção de Roda

Ele toca muito bem
Eu conto do que sei
E aí vamos os três
Fora de moda
Com uma canção de roda - Bis

Ganharemos o dia
Teremos as ruas em nós
Bem diferente das vezes
Em que estamos sós
Esperando por vós
Com uma canção de roda - Bis

E que bom vai ser
Mais uma vez
Ver o sol nascer
Com toda a magia
De mais um dia

E que bom vai ser
Ver o sol nascer
Com uma canção de roda - Bis

Essas tuas mamas

Essas tuas mamas (pápárápárá)
Essas tuas mamas
Dão-me umas ganas
De me agarrar ás tuas mamas

E tu a noite inteira a passar
Pelo meio do bar Refrão
E eu a pensar
Em me agarrar ás tuas mamas

Essas tuas mamas
Essas tuas mamas
Deliciosas
Por baixo das minhas mamas
Rimam como prosas

(REFRÂO)

Roçaste as tuas mamas nas minhas costas
E fiquei todo suado
Tudo por causa dessas mamas
Tudo por causa dessas mamas

(REFRÂO)

Sara

Sara,
Ó Mestre Sara,
Olha que o tempo
Corre sempre sem parar,
E mesmo que um dia
Tu não possas sarar,
Sem ti p'ra mim, não faz sentido,
Tu para mim, tu és sem fim

Amigo,
Ó meu amigo,
Olha que o vento vem de um tempo
Bom para sararar,
E mesmo que um dia
Tu não possas parar,
Tu para mim, és mesmo assim,
Tu para mim, tu és sem fim

Amigo,
Ó meu amigo,
Olha que o tempo
Corre sempre sem parar

A menina que tem luz

Quis o destino que um dia
Eu lhe pudesse tocar
E melhor compreendesse
Aquela luz do seu olhar

Foi então que pude ver
Que escondida na beleza
Era igual a quantidade
E o tamanho da tristeza

Chegou-me também a graça
Pelo corpo iluminado
E nem sequer me importei
Por não se ter demorado

Continuo então intrigado
Por, no sonho que eu supus,
Ter descoberto o segredo
Da menina que tem luz

Três luas se volveram
Só desencontros ocorreram
Neste aflito coração
Sem rumo, sem paz, solidão

Na verdade vos digo
Conheço bem essa menina
E todos os dias ela passa
Com um ar cheio de graça
Naquela rua tão divina

A Marcha de Alhos Vedros

Hoje há festa em Alhos Vedros
estalam foguetes no ar
estala a lenha na fogueira
viva a marcha popular

Cruza o céu a serpentina
e o nosso povo está contente
vai sonhando a Velhinha
que será menina para sempre

E se a política faz a divisão
esta gente só quer a união
e para lá da linha vai brincar
com o Recreativo Familiar

Já lá vem o Arroteense
e o grupo vai aumentar
mais o Clube do Vinhense
e viva a marcha popular

Logo o CRI se apaixonou
o Chico Pires até corou
e a CACAV, Barra Cheia e Companhia
foram buscar a Academia

Ao ver o povo reunido
a Câmara chamou os arquitectos
marcou data para o discurso
prometeu mais três projectos

Amor é:

beijinhos, beijinhos...


(made in, Casa de Estudos)

26 setembro 2005

Poemas escolhidos de

ABDUL CADRE

do livro, ACIMA DO DÓ CENTRAL, Olissipo, Ano R+C 3352

Produções CÊAV


Aprender é repetir

o que se ignora até que se saiba

e o que se sabe até que se

esqueça.


Mas se o saber diz,

a sabedoria cala.
A minha liberdade

é de bola de sabão

em tarde de domingo...


Até esta lembrança me prende

e o não lembrar me tolhe.
Imenso é o desmedido

que os olhos não abarcam.


Imensidão

é esta dádiva dos deuses

que os olhos não comportam.
Os deuses,

essa verdade dos mundos,

essa mentira dos homens,

existem quando os imaginamos

e vendem quanto dão

e mentem quanto dizem!
Ouve-se então um súbito bater de asas

e um olhar marejado pode ainda

ver elevar-se no horizonte

a ave renascida com o sonho no bico.

23 setembro 2005

O Interno Feminino

(à Sónia)

(...)
Uma das razões que sustentaram a nossa amizade foi, sem dúvida, o facto de gostarmos de conversar. Sobre coisas das ciências, é certo, mas particularmente sobre temas metafísicos, esotéricos, a que sempre dávamos uma atenção especial.
Pois bem, hoje tive um sonho que me trouxe de volta algumas das nossas conversas.
Eu e a Sónia, no século XVI, quando do achamento e colonização do Brasil pelos Portugueses, também andámos por lá. Eu que tinha ido de Portugal, ela uma índia brasileira.
Mantivémos uma relação amorosa que acabara por cair em desgraça. Eu dadas algumas obrigações tivera de voltar, ela porque não podia vir teve de ficar. O fim haveria de ser trágico, mas essa parte da história vou isentar-me de contar.
Só sei que é essa uma das razões porque nos voltámos a reencontrar por aqui, nesta transição de século, eu ainda com um ar bem Português, ela já Portuguesa, mas ainda uma nítida ìndia, no corpo, na cara, nos cabelos. É essa uma das razões que nos trouxe de novo a estar juntos. Agora já com os corações quase pacificados, por termos trocado a Amizade pelo Amor e pelo que ele lhe tem de superior.
Assim seja.


(in, Luis Santos, O Interno Feminino, Edições CÊAV, 2003)

Desenho de autor desconhecido.

22 setembro 2005

Texto de um detido

Ao nosso redor
Washington Fernandes Luiz


Só minha cama me vê todos os dias. Só as paredes presenciam meus movimentos.
Busco o calor em meio aos lençóis e nada encontro.
O vazio reflete o que deixei em minha vida.
Pergunto a mim mesmo: Por onde anda agora?
Longe de mim, invejo a sua liberdade, você anda pela rua enquanto eu fico aqui trancado. Você distribui sorrisos a quem quiser e eu derramo lágrimas no meu travesseiro. Você vê pessoas, fala com elas...
Alguém tinha que perder. Será? Não poderíamos ganhar os dois?
Não vou julgar ninguém pelos meus erros. Pois o amor que sinto impede que eu faça qualquer julgamento.
Só posso sofrer. Não posso mais continuar aqui. Preciso reencontrar meu caminho. Preciso recuperar a mim mesmo. Tenho de retomar os meus passos, reaver meu tempo, recuperar meu espaço.
A felicidade está a um passo de mim, preciso apenas caminhar.
Os anos se passaram e eu ainda tenho o mesmo sentimento, pois o amor é um lindo jardim sempre regado com carinho, amor e compreensão.

Fonte: Jornal Recomeço 119

http://www.plinc.com.br/recomeco

21 setembro 2005


Amor é:

Amar o Amor.


(made in, Casa de Estudos)

17 setembro 2005

Noite de Lua Cheia em Lisboa

POESIA

"Três Poemas"

de
Manuel de Sousa, Luanda, Angola

PRODUÇÕES: CÊAV

Infinitamente Eterno

“Infinitamente Eterno”

Nada está definitivamente morto
Nada está eternamente vivo
Nada é infinitamente imutável
Nada é totalmente estático
Nada é completamente visível
Nada é o que parece ser
Nada é regularmente compacto

Tudo sofre alterações
Tudo existe continuamente
Tudo se transforma
Tudo transmuta de formato
Tudo transita de dimensão
Tudo evoluí continuamente
Tudo se metamorfoseia

O Universo está em constante movimento
A Alma pensa e logo passa à existência a cada momento
A Vida é regurgitada em qualquer canto fértil
A Inteligência está presente em todo o horizonte espacial
O Pensamento é a forma psíquico-Divina de conceber
A Fé é a esperança que temos em continuar o ciclo vital
O Conhecimento é o método que usamos para explorar...

...O “Caminho” que nos levará ao Estado Espiritual Carnal...

...Infinito!...

Em Homenagem à Alma que move a Vida, e na qual, o Homem e toda a Vida Terrestre e Universal circundante, incluindo a Inteligência Espiritual que a anima, compõem...

Escrito em Luanda, Angola, por manuel de sousa, a 15 de Janeiro de 2005...

Das Tripas Coração

“Das Tripas Coração”

Faço da tripas coração
Do coração faço uma arma de intervenção
Tento compreender o fenómeno do amor
Quero que ele me ensine
Que me leve pelo Caminho do bem
Me leve ao alto da Montanha
Ensinando-me a orar
A meditar
Sobre como estar em permanente comunhão
Como comungar a evolução Cósmica
Estar em consonância vibratória
Situado no mesmo diapasão
Existindo para criar
Para construir
Imaginando
Um Mundo
Muito melhor...
...para todos...

Escrito por manuel de sousa, em Luanda, Angola, a 27 de Fevereiro de 2005, em Homenagem a todos os que se dedicam a criar um Mundo Melhor para todos nós, sem excepção religiosa, política, étnica, filosófica, etc..., pois, Deus-O-Criador, é Pai e Essência de todos nós...

Vencer cada Momento

“Vencer Cada Momento”


Para mim todos os instantes são mágicos
Mesmo os que doem superficialmente
Ou os que ferem interiormente
Até aqueles que nos põem fora de si

Para mim todos os bocados são sagrados
Mesmo os que parecem carregados de aparente insucesso
Ou os que nos são desfavoráveis à partida
Até aqueles que nos arrasam o bom humor

Para mim todos os momentos são místicos
Mesmo os que parecem mais claros
Ou os que nos aparecem cheios de fria lógica
Até aqueles que acontecem previsivelmente

Para mim todos os instantes são positivos
Mesmo quando sobrecarregados de carga tida como negativa
Ou os que nos surgem como problemas sem solução prevista
Até aqueles que não nos calham lá muito bem

Para mim todos os acontecimentos são bem vindos
Mesmo os que nos deixam sobremaneira entristecidos
Ou os que nos deixam deveras desgostosos
Até aqueles que nos causam grande amargura no coração

Pois não há ferida nem golpe que me há-de demover de vencer...

Em Dedicação a todos os Homens e Mulheres que venceram na Vida, não esquecendo no entanto, nunca os que perderam ou desistiram de vencer, por tantas razões que desconhecemos, mas que nem por isso poderemos nunca desprezar, pois há sempre milhentas de circunstâncias adversas e misteriosas, que parecem insistir em orientar a nossa Vida, ou de forma favorável ou de forma desastrosa, às vezes!...

Ainda hoje, em conversa com alguém, o dissemos quase inadvertidamente que, a vida é uma simples circunstância do vasto Pensamento Cósmico Divino...

Escrito por manuel de sousa, em Luanda, Angola, a 14 de Maio de 2005...

A Criação de Eva (?)

11 setembro 2005

AGUARELAS


Exposição de Pintura

AGUARELAS

de
Francisco Gomes Amorim, Rio de Janeiro, Brasil

Produções: CÊAV

1- O mar... salgado.

2- Algures... em África

3- Moçambique. Pemba.

4- Quilengue. Angola.

5- Brasil. Farol.

6- Corcovado

7- Outono. Japão.

Os Três Círculos da Lusofonia

Os três círculos da lusofonia, de Fernando Cristóvão. O texto foi publicado originalmente na revista "Humanidades", Lisboa, Setembro de 2002. Por sinal eu e o Luís Carlos Santos colaboramos na edição desta revista, convidando alguns colaboradores, e nós mesmos escrevemos para aquela publicação.

Mas diz o autor Cristóvão que : «Situa-se a lusofonia na convergência de várias dinâmicas que a História lusa tem despertado ao longo dos séculos: a das utopias de Vieira, Sílvio Romero, Pessoa, Agostinho da Silva e muitos outros, e a dos factos e situações criadas a partir da colonização portuguesa e das opções livres partilhadas pelos novos países que reafirmaram a língua portuguesa como sua língua materna, oficial ou segunda. Actualmente, oito países independentes dialogam em português e o usam como língua materna, língua de comunicação internacional, língua de ciência, cultura, ensino, religião: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor.

Na construção de uma utopia de Quinto Império, arquétipo mítico da Lusofonia, Vieira imaginou um império de carácter religioso e universal, como o descreveu visionariamente na História do Futuro: «É conclusão, e de fé, que este Quinto Império de que falamos, anunciado e prometido pelos profetas, é o Império de Cristo e dos cristãos (.) contudo, a sentença comum dos santos e recebida e seguida como certa por todos os expositores é que (.) é Império da Terra e na Terra (.) espiritual no governo, espiritual no uso, nas expressões e no exercício (.) Em qualquer tempo futuro será sempre espiritual.»1

Fortemente inspirado naquele a quem apelidava de "Imperador da Língua Portuguesa", Pessoa entendeu o Quinto Império não como religioso mas como cultural, uma Pátria, na expressão do heterónimo Bernardo Soares, em que a língua portuguesa seria o cimento da união de vários povos, pois outro sentido não tem o seu "atlantismo": «Não há separação essencial entre os povos que falam a língua portuguesa. Embora Portugal e o Brasil sejam politicamente nações diferentes, contêm, por sistema, uma direcção imperial comum, a que é mister que obedeçam. «(.) Acima da ideia do Império Português, subordinado ao espírito definido pela língua portuguesa, não há fórmula política nem ideia religiosa, (.) Condições imediatas do Império da Cultura é uma língua apta para isso, rica, gramaticalmente completa, fortemente nacional.»2 Língua esta desse Império e dessa Pátria que claramente Pessoa explicou ser a língua portuguesa.

Margarida Castro

(leiam o artigo na íntegra no http://br.groups.yahoo.com/group/dialogos_lusofonos/files/Está com o NOME: Lusofonia- Os três círculos da lusofonia )

10 setembro 2005

Crítica Elegante

Não tem nada pior do que ser hipocondríaco num país que não tem remédio. Eu tomo um remédio para controlar a pressão. Cada dia que eu vou comprar o dito cujo, o preço aumenta. Controlar a pressão é mole. Quero ver é controlar o preção. Tô sofrendo de preção alto. O médico mandou cortar o sal. Comecei cortando o médico e o plano de saúde, já que a consulta e a mensalidade eram salgadas demais.

Controlei também a alimentação. Como a única coisa que tenho comido, depois do Fome Zero, é minha patroa, não tem perigo: Ela é a coisinha mais sem sal deste lado do mundo. Para piorar, acho que tô ficando meio esquizofrênico. Sério! Não sei mais o que é Real. Principalmente quando abro a carteira ou pego extrato no banco. Não tem mais um real.

Sem falar na minha esclerose precoce. Comecei a esquecer as coisas: Sabe aquele carro? Esquece! Aquela viagem? Esquece! Tudo o que o barbudo prometeu? Esquece! Podem dizer que sou hipocondríaco, mas acho que tô igual ao flamengo: nas últimas. Bem, carioca é assim mesmo, já nem liga mais para bala perdida. Entra por um ouvido e sai pelo outro!!!!!

LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

Lusofonia

Lusofonia - um sistema de comunicação linguístico e cultural na Língua Portuguesa e suas variedades linguísticas, geográficas e sociais, pertencentes a vários povos de que ela é instrumento de expressão materna ou oficial.
(fonte desconhecida)

O caminho dos rios


Toda a conformação das águas, toda a coerência do rio vem-lhe das margens. É por estas que sabemos que o rio não é o mar e que este lhe é destino.

Margens e rio são dois opostos que mutuamente se justificam na irredutibilidade de duas inércias de sinal contrário: a do movimento e a da imobilidade. Movessem-se as margens e era o caos; parasse o rio e era o pântano...

Mas há margens e margens! Há as de areia, onde qualquer rio se esvai e esgota; há as de rocha firme, a empurrar as águas sempre mais além; e há até — tantas vezes! — apelos de ir ou de vir em aberturas de novos rios, sempre inventados pelas margens em que os nossos olhos acreditam. Mas no fim surge sempre a imensidão líquida de um destino comum de margens muito para além de todos os limites do olhar, aconchegando o anseio supremo de todos os rios cansados de serpentear.

Tomemos tudo isso como analogia para as sociedades humanas, cujo caudal segue, dada a aparente inércia do movimento, as rotas repetidas da conformação, enquanto as suas franjas, as suas margens, os seus marginais e toda a água que se afasta da corrente ousam caminhos outros — de areia ou rocha, pouco importa — com que a mole se horroriza, de que a plebe escarnece, como esconjuro para o medo de quanto contraria a rotina dos dias, que é o pântano insalubre das inércias consentidas.

Que incómodos são os profetas, as prostitutas, os sonhadores, os drogados, os poetas, os loucos, os sábios e tudo o mais que perturba a sonolência e não deixa que as águas se aquietem!

Para o bem e para o mal, é da água que transborda da corrente que se faz a cheia que rompe as margens, galga os diques e leva, muitas vezes, o rio a escolher um novo leito, onde mais uma vez as águas se conformam na coerência de novas margens e de novas inércias.

Todavia, a paisagem não voltará jamais a ser a mesma.


ABDUL CADRE

06 setembro 2005

Respeitar a Natureza

*Respeitar a natureza*

"A evolução de um ser mede-se pela sua capacidade de se inclinar com humildade diante das leis da Natureza, que são leis divinas; ele reconhece a superioridade das entidades que determinaram essas leis, harmoniza-se com elas e executa a sua vontade.E a evolução de um ser mede-se também pela sua capacidade de ter em conta os outros, esforçando-se por ter uma influência benéfica sobre eles.
De um tal ser, pode-se esperar tudo o que é melhor e mais belo. Mesmo que ele não consiga manifestar-se como um poeta ou um músico, está já no caminho da poesia e da música, porque age segundo as leis da harmonia, em sintonia com o mundo divino.
Quanto àqueles que não têm qualquer escrúpulo em criar desordens, podemos dizer que eles estão ainda muito em baixo na escala da evolução. Sim, um anarquista não é um ser evoluído. O homem evoluído, o homem inteligente, tem sempre a preocupação de respeitar uma ordem que o ultrapassa."

Omraam Mikhaël Aïvanhov

05 setembro 2005

Metroplitano do Verbo Original

“Metropolitano Do Verbo Original”

Na estação central da Alma
Apanho o metro cósmico
Corro as Estrelas
Uma a uma
Reforçando a energia espiritual que me impulsiona
Como alguém atravessando um riacho
Pulando de pedra em pedra
Indo de margem em margem
De Galáxia em Galáxia
Até à estação do Sol
Que me alimenta a Vida
Emprestando-me o fato espacial circunstancial
Perfeito em essência e forma
Moldado nas lamas efervescentes e nas águas minerais
Cimentado pelos elementos da Natureza
Feito estrutura física
Designado “Homem”...
Emprestado pela Terra
Tendo o final do dia como meta para o seguinte
Na expectativa do regresso
Ao seio gerador do Verbo Original
Lá para o Centro Inteligente da Alma do Criador
No fim Divino...de um outro Princípio renascido
...E renascido...
Vezes sem conta...

Em Homenagem à Longa Viagem Eterna da Una Alma pela Matéria Psíquica e Física deste meio de transporte que é a Vida, que aqui comparamos a uma linha de Metropolitano Urbano, que se locomove e nos transporta, de estação em estação...entre princípios, fins e recomeços sem conta...

Escrito por manuel de sousa, em Luanda, Angola, a 4 de Setembro de 2005, em Homenagem à Imensa Tragédia Natural e Humana que se abateu sobre o Povo Norte Americano dos Estados do Sul dos Estados Unidos, mostrando que, perante o Poder do Criador Divino e a força dos Elementos Naturais de Sua Criação, a Vida e Poder Humanos, são deveras frágeis...seja lá nas Nações consideradas mais potentes e avançadas, como nas mais pobres e carentes...

As Forças da Natureza , tudo podem alterar de um dia para outro, não havendo nada, mas nada, que nós, os Homens e Mulheres da Humanidade, possamos fazer para evitar, restando-nos esperar e orar para que aquelas, se aplaquem e acalmem...

autor desconhecido

Dhammapada

O Dhammapada é um antigo texto budista que antecipou Freud em milhares de anos.

Ele diz: "O que tu és agora é o resultado do que foste. O que serás amanhã é resultado do que és hoje. As consequências de uma mente maléfica seguir-te-ão como a carroça segue o boi que a puxa; as de uma mente pura seguir-te-ão como a tua própria sombra. Ninguém pode fazer mais por ti do que a tua própria mente pura - nem pai, nem mãe, nenhum parente, nenhum amigo, ninguém. Uma mente bem disciplinada traz felicidade."

A meditação tem como objectivo purificar a mente. Ela limpa o processo do pensamento daquilo que pode ser chamado de irritantes psíquicos, coisas como cobiça, ódio e ciúmes que te mantêm enredado numa escravidão emocional. Ela traz a mente a um estado de tranquilidade e consciência, um estado de concentração e visão clara. [...]

revelação da amiga Paula Soveral

04 setembro 2005

Amor é



Amor é:

Escutar o amigo com a máxima atenção,

mesmo quando lhe parece tudo conversa da treta.

(made in, Casa de Estudos)

A Fuga da Gaiola


Foto encontrada na net, autor desconhecido.

Folclore

22 de Agosto : dia mundial do Folclore

"Defeitos não fazem mal, quando há vontade e poder de os corrigir"

Machado de Assis


O Dia Mundial do Folclore é comemorado, em quase todos os povos do mundo, no dia 22 de Agosto.


Mas o dia 22 de Agosto não foi escolhido por acaso. Nesta data, em 1846, um arqueólogo inglês chamado Willian John Thoms criou a palavra "folclore" e sugeriu a uma revista de Londres, na Inglaterra, que a usasse quando fosse falar dos cantos, histórias e costumes dos povos.

Em inglês, folk, significa povo, e Iore, estudo. Estudo das tradições, aquilo que nasceu do povo de forma natural, espontânea.

O folclore é a ciência que se ocupa de pesquisar, cultivar e revelar as nossas mais legítimas raízes culturais, aquelas que são mantidas pelo povo e passadas de mão em mão, de ouvido a ouvido, tornando-se, ao longo dos tempos, uma propriedade deste mesmo povo.

O folclore é a expressão de uma cultura. É a soma da cultura material, dos costumes e tradições de um povo expressos de diversas maneiras (oralmente, por escrito ou encenados).

Todos os povos têm folclore. Conhecê-lo e estudá-lo significa contribuir para que se mantenha vivo e, consequentemente, através da sua preservação é possível perpetuar cada cultura.

Muitas vezes é preciso estudar o folclore para verdadeiramente entender a história de um povo.


Clube de Jovens Folcloristas Portugueses em França

Flamingos

Já me tinham dito que os tinham visto por cá. Para mim foi a primeira vez. Numa das minhas habituais passeatas ao Moinho da Encharroqueira, no meio de alguns exercícios físicos, eis que de repente, como se de uma visão se tratasse, eles lá estavam.

Bem perto de mim, a uma distância de cinquenta metros, nas suas fogueantes cores, brilhantes, entre os brancos e os rosas, um bando de doze, calmamente ia estando, sem que revelassem medo da presença humana. De muita calma se tratava, de facto, porque devia estar fora da hora da refeição. Até parece que em repouso meditavam. Pareciam anjos.


(...)

in,

Luis Carlos dos Santos

O Espírito dos Pássaros

(livro de contos, no prelo)

Pintura em aguarela, Flamingos, Fancisco Amorim, Rio de Janeiro, Brasil.



02 setembro 2005

Pombos

Foto de Raul Costa

01 setembro 2005

sem título

Conheço o barco
que te passa para o outro lado
Conheço as asas que suam nas estrelas
Conheço os gases etéreos
As estrelas sorridistantes
Caminhos infinitos
passos nas escadas
Os saltos entre as ameias dos castelos
E os olhos viajantes em oiro
Conheço o barco que te passa para o nosso lado
A profundidade do fumo
E a raiz do rio


eduardo espírito santo


in,
Título - Sem Título
Edição do Autor
"Autoria" - Eduardo Espírito Santo
Data - 4/04/1997
Moita